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o que a sociedade impõe como verdade absoluta.





CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

[...]

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

[...]

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

[...]

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Espíritos Livres

A ignorância é preferível ao erro, e está menos afastado da verdade aquele que não acredita em nada do que aquele que acredita em algo errado.” (Thomas Jefferson)

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São Gabriel, RS, Brazil
Militar do Exército Brasileiro formado pelo Escola de Saúde do Exército, Bacharel em Direito pela URCAMP, blogueiro, ATEU, livre pensador e filósofo por natureza. Procuro o equilíbrio através do conhecimento. “Pareceis inteligente de tal forma que, no dia em que errardes, sereis visto como irônico.”

quarta-feira, 22 de junho de 2011

CAGARAM NO PROCESSO


                           A 1ª câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo negou provimento a apelo interposto por um homem que "defecou sobre os autos do processo, protestando contra a decisão dele constante". O homem respondia a um processo crime, perante a 5ª vara Criminal da Comarca de Jaú/SP, e teve como proposta a suspensão condicional do processo mediante algumas condições, dentre elas o comparecimento mensal em cartório. Por várias vezes ele cumpriu esta condição.

                  No entanto, quando do último comparecimento, solicitou ao funcionário os autos do controle de frequência para assiná-los. Em seguida pediu para que todos se afastassem, abaixou-se em frente ao balcão de atendimento, arriou as suas calças e cagou sobre os autos, inutilizando-os parcialmente. Segundo relatório do desembargador Péricles Piza, "não bastasse isso, acintosamente, teria passado a exibir o feito a todos os presentes". Para o magistrado, ficou evidente ao réu a deliberada intenção de protestar contra a decisão constante dos autos, mas ele ressalta que "a destruição dos autos, defecando sobre eles, não é meio jurídico, lícito ou razoável de protesto".


Para ler o acórdão na íntegra, clique AQUI.

Acontecimentos reais retirados do livro “Desordem no Tribunal”.


Advogado: Qual é a data do seu aniversário?
Testemunha: 15 de julho.
Advogado: Que ano?
Testemunha: Todo ano.
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Advogado: Essa doença, a miastenia gravis, afeta sua memória?
Testemunha: Sim.
Advogado: E de que modo ela afeta sua memória?
Testemunha: Eu esqueço das coisas.
Advogado: Você esquece … Pode nos dar um exemplo de algo que você tenha esquecido?
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Advogado: Que idade tem seu filho?
Testemunha: 38 ou 35, não me lembro.
Advogado: Há quanto tempo ele mora com você?
Testemunha: Há 45 anos.
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Advogado: Qual foi a primeira coisa que seu marido disse quando acordou aquela manhã?
Testemunha: Ele disse, “Onde estou, Bete?”
Advogado: E por que você se aborreceu?
Testemunha: Meu nome é Célia.
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Advogado: Seu filho mais novo, o de 20 anos …
Testemunha: Sim.
Advogado: Que idade ele tem?
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Advogado: Sobre esta foto sua … o senhor estava presente quando ela foi tirada?
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Advogado: Então, a data de concepção do seu bebê foi 08 de agosto?
Testemunha: Sim, foi.
Advogado: E o que você estava fazendo nesse dia?
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Advogado: Ela tinha 3 filhos, certo?
Testemunha: Certo.
Advogado: Quantos meninos?
Testemunha: Nenhum.
Advogado: E quantas eram meninas?
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Advogado: Sr. Marcos, por que acabou seu primeiro casamento?
Testemunha: Por morte do cônjuge.
Advogado: E por morte de que cônjuge ele acabou?
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Advogado: Poderia descrever o suspeito?
Testemunha: Ele tinha estatura mediana e usava barba.
Advogado: E era um homem ou uma mulher?
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Advogado: Doutor, quantas autópsias o senhor já realizou em pessoas mortas?
Testemunha: Todas as autópsias que fiz foram em pessoas mortas …
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Advogado: Aqui na corte, para cada pergunta que eu lhe fizer, sua resposta deve ser oral, Ok? Que escola você freqüenta?
Testemunha: Oral.
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Advogado: Doutor, o senhor se lembra da hora em que começou a examinar o corpo da vitima?
Testemunha: Sim, a autópsia começou às 20 h e 30 min.
Advogado: E o sr. Décio já estava morto a essa hora?
Testemunha: Não … Ele estava sentado na maca, se perguntando porque eu estava fazendo aquela autópsia nele.
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Advogado: O senhor está qualificado para nos fornecer uma amostra de urina?
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Advogado: Doutor, antes de fazer a autópsia, o senhor checou o pulso da vítima?
Testemunha: Não.
Advogado: O senhor checou a pressão arterial?
Testemunha: Não.
Advogado: O senhor checou a respiração?
Testemunha: Não.
Advogado: Então, é possível que a vítima estivesse viva quando a autópsia começou?
Testemunha: Não.
Advogado: Como o senhor pode ter essa certeza?
Testemunha: Porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa.
Advogado: Mas ele poderia estar vivo mesmo assim?
Testemunha: Sim, é possível que ele estivesse vivo e cursando DIREITO em algum lugar!

LEI MÁRIO DA PENHA




Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos


LEI Nº 11.069, DE 25 DE JULHO DE 2009.
Regulamenta o direito e as obrigações entre os casais e dá outras providências.



O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:


Art. 1º Todo desejo do marido é uma ordem.
Parágrafo Único - É obrigação da esposa adivinhar todos os desejos do marido.

Art. 2º Fica assegurada à mulher a liberdade de expressar sua opinião.
I. O marido não é obrigado a ouvi-la.
II. Caso a opinião possa ser aproveitada, o marido assume automaticamente a autoria da mesma.

Art. 3º É facultado a esposa dizer a última palavra, desde que seja 'sim senhor', ou termo equivalente.

Art. 4º É facultado ao marido conviver em regime matrimonial com tantas mulheres quantas as que ele possa sustentar. (Vetado)

Art. 5º É dever da esposa que trabalha, ou que tenha fonte de renda de qualquer natureza, entregar toda remuneração ao marido, para que este o administre com a inteligência que somente a ele é peculiar.

Art. 6º Ficam garantidas, semanalmente, cinco noites, duas manhãs e três tardes livres para:
I.o marido jogar futebol;
II.beber com os amigos ou;
III.qualquer atividade exigida por sua condição dominante e provedora.
§ 1º Em caráter compensatório, pode a mulher assistir por três vezes semanais, a sua escolha, uma telenovela noturna, desde que não coincida com o horário jornalístico ou dos esportes.
§ 2º Aplica-se a primeira parte do parágrafo anterior somente se todo o trabalho doméstico estiver dentro dos conformes estipulados pelo marido.

Art. 7º A partir desta data, a esposa ou assemelhada, mesmo que eventual, passa a ser chamada de MULHER, e esta poderá, caso permitido pelo marido, tratá-lo por TU, porém, somente em seu lar ou em situações reservadas, sendo defeso tal referência em público, onde o tratamento deverá ser, obrigatoriamente, SENHOR MEU MARIDO.

Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.



Brasília, 10 de Agosto de 2010; 188º ano da Independência e 121º da República.


LUIZINHO INÁCIO LULÁCIO DA SILVEIRA

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Deus não é GRANDE - Como a religião envenena tudo


Deus não é Grande. Christopher Hitchens. Um garoto e uma professora. Ele, estudioso da Bíblia, nove anos, horrorizado com as declarações dela: “Deus foi generoso porque fez as árvores e gramas verdes em vez de roxas e laranjas”. Foi o início da jornada do jovem Christopher, hoje jornalista famoso e polêmico, para desvendar um dos maiores mitos dos últimos milênios: a Religião.
Fundamentado em seus questionamentos, críticas, vivências e pesquisas, racionalmente concluiu : “A Religião Envenena Tudo”. Suas afirmações dissecam os alicerces da crença monoteísta, desmitificando sua origem, seus mitos, suas lendas, seus personagens. Desde o início do livro, suas palavras causam impacto. “A religião é fraude mental e mal moral. A religião mata”. E sustenta sua tese, anulando os pilares da religião: a Bíblia e seus protagonistas: Deus, o filho de Deus e seus profetas.
A religião fala de uma bem-aventurança pós-morte, mas usurpa o poder neste mundo. E mata! Guerras, conflitos e crueldades são citados e descritos. Nomes são cunhados - sempre no comando da destruição do ser humano: EM NOME DE DEUS! A partir daí, cada sub-tema tem seu destaque. Com certa ironia, faz uma digressão sobre os alimentos proibidos que ajudam a distorcer a visão de mundo de suas “ovelhas” (fiéis). “O céu odeia presunto!” O prejuízo à nossa saúde está caracterizado pela oposição aberta de papas, padres, irmãs, pastores, mestres e fiéis contra cientistas inspirados e iluminados. Por exemplo, indo contra à aplicação de vacinas - hoje se imunizam pessoas; contra o uso de preservativos (contribuindo para a disseminação da AIDS).
Num paradoxo absurdo, religiões permitem que uma mulher seja sentenciada e estuprada por um bando, para espiar um crime de seu irmão. Desígnio de Deus? Também há ordem divina para molestar crianças indefesas, circuncidar meninos, fazer oblação dos lábios e clitóris de meninas, num afronta à dignidade do ser humano? Sexo é pecado! Desígnio de Deus?! E, no entanto, afirmam que Deus projetou o homem (perfeito) com sexo, mas, ao mesmo tempo, impingiu-lhe o pecado original. Paradoxo ridículo!
As alegações metafísicas da religião pintaram o quadro impressionista mais excêntrico que um talentoso pintor poderia criar. Tudo negro, limbo - teoria doentia, dor, sofrimento, martírio, tortura e morte - marcas da Inquisição, durante séculos. Enquanto isso, teólogos discutiam o comprimento das asas dos anjos! Mais um paradoxo no cerne da religião. Os três grandes monoteísmos hipnotizam os “mamíferos”, fazendo com que se consideram seres abjectos, ajoelhados, temendo e tremendo diante de um deus raivoso, com mãos sujas de sangue dos sacrifícios humanos. E justificam: “a vida em si é algo pobre”. Acrescentam eles: a astrologia dá esperanças! O universo conspira para realizar o desejo de seus “filhos”!
Estupidez e egoísmo, prepotência e falsa amizade instruem mentes. Não é em vão que a teoria de um projetista, tão compenetradamente afirmada por ela, dilui-se diante de um deus raivoso e ciumento, fazendo da Terra, “um projeto penal e um manicômio”. Como se defender? Como argumentar? A religião odeia a razão! Citando Lutero: “A razão é a meretriz do diabo, que nada faz a não ser difamar tudo o que Deus diz e faz!” Mas eles dizem que têm razão!
Uma conversa com Darwin esmaga os argumentos religiosos sobre a origem do homem. Criacionismo versus Evolução. E surge o primeiro problema: inventar Deus. Fatos inusitados aguçam alguns “raciocínios”. Por que Deus se manifestou tão poucas vezes a indivíduos analfabetos e semi-históricos em épocas sem informação? Por que o imperador Constantino - talvez 300 anos depois - instituiu a religião, baseada em “plágios de plágios, de um ouvir dizer de um ouvir dizer...?” Sem esquecer a falsificação de documentos, queima de outros, e sem prova de qualquer acontecimento! Por que pecados dos pais são lançados sobre os filhos? Por que Deus ainda instrui seus seguidores em como comprar ou vender escravos, comprar e vender suas filhas? E temos ainda o “olho por olho, dente por dente... não deixarás viver as feiticeiras - mulheres torturadas, morte na fogueira... durante séculos! E a preferência de Deus por virgens?!
E assim se sucederam, e se sucedem, os sacrifícios humanos. Abuso infantil. Quantos traumas causados pela fé em mentes indefesas! É terrorismo moral, manipulação indevida, crueldade. Bilhões de dólares são gastos pela igreja em processos de pedofilia. Como que por magia, abracadabra!, e foi criado o inferno! “Não creias em mim e serás condenado ao inferno” disse Jesus. Punição eterna! Dante escreveu a Divina Comédia - com as descrições das punições eternas, e na arte.
Pois, no dia-a-dia, os religiosos, em posição servil, pedem perdão. MEDO! Descrevem tão bem o inferno, mas não têm a lucidez de descrever o paraíso! Não, a religião não torna o homem bom, pois a fé é cega, segundo seus ...“líderes?” É uma aventura decifrar nosso universo, com seus mistérios e grandiosidades, excentricidades e enigmas, livre da pecha de pecadores, conscientes do valor da vida aqui e agora. É essencial a liberdade, que pressupõe a razão, o conhecimento científico. “É necessário conhecer o inimigo”.




Disponível em: < http://pt.shvoong.com/books/1777032-deus-n%C3%A3o-%C3%A9-grande/ > Acesso em 17 junho 2011.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Dinâmica de grupo


Numa dinâmica de grupo, foi feita a seguinte pergunta para três alunos do Curso de Direito:
O que você gostaria que falassem de você no seu velório?
O 1º disse:
- Que eu fui um grande Advogado que levou a justiça a todos e um ótimo pai de família.
O 2º disse:
- Que eu fui um homem maravilhoso, excelente pai de família, e um desembargador que influenciou o futuro do país.
Aí o 3º arrasou:
- Gostaria que eles dissessem:
"OLHA, ELE ESTÁ SE MEXENDO..."

A precariedade da Polícia Federal

Para cortar custos e sem ouvir o Congresso, a PF simplesmente transferiu para empresas privadas a responsabilidade de controlar quem entra e quem sai do País.


                                                                         Por Cláudio Dantas Sequeira  




BICO
O controle de imigração é feito por funcionários mal remunerados, que trocam de emprego na primeira oportunidade


                     Quem desembarca no aeroporto internacional de Guarulhos (SP), o mais movimentado do Brasil, acredita que está sendo recebido por treinados agentes da Polícia Federal ao apresentar seus passaportes para entrar oficialmente no País. Mas, na verdade, os funcionários que checam e carimbam os documentos de viagem, fazem entrevistas de imigração e vistoriam bagagem em busca de drogas e armas são pessoas comuns, funcionários de uma empresa privada, sem nenhum treinamento ou compromisso com a defesa da soberania do Estado. O caso de Guarulhos não é uma exceção. Hoje, empresas prestadoras de serviço dominam o controle imigratório nos aeroportos, portos e até postos de fronteira. Parece óbvio, mas entregar a terceiros a fiscalização de quem entra ou sai do País é temerário e põe em risco à segurança nacional. A fiscalização deficiente é o paraíso para traficantes, imigrantes ilegais, criminosos procurados pela Interpol e terroristas, que podem transitar livremente por aqui sem que as autoridades de plantão tomem conhecimento. Enquanto o resto do mundo está debruçado em soluções para reforçar a segurança de suas fronteiras, por aqui o governo terceiriza o controle de passaportes e imigração nos aeroportos, uma atividade que nunca deveria ter saído das mãos da Polícia Federal. Hoje, estima-se que a PF gaste mais de R$ 100 milhões para transferir a responsabilidade a empresas privadas de um serviço que deveria ser executado por ela de acordo com a Constituição Brasileira.


                     O processo de loteamento de áreas estratégicas começou há quatro anos, sem que houvesse o necessário debate pelo Congresso, pela sociedade e contra parecer da própria Polícia Federal. Mais grave: era para ser uma solução provisória, como explica à ISTOÉ o ex-ministro da Justiça Tarso Genro, hoje governador do Rio Grande do Sul. “Sempre defendi que isso só se justifica como provisoriedade”, afirma Genro. Mas, no Brasil, o que é provisório com frequência se torna permanente. O problema é que Tarso Genro havia sido informado das consequências da terceirização. Um relatório interno da PF, obtido por ISTOÉ, revela que repassar a empresas privadas tais atividades era a última das opções para reduzir o gargalo provocado pelo crescimento exponencial de passageiros. “É de longe a hipótese mais controversa de todas e esbarra em sérios problemas de ordem legal”, concluiu a delegada Silvane Mendes Gouvêa, presidente da comissão. Em ordem de prioridade, o MJ poderia aumentar o contingente policial ou passar o controle migratório para as mãos de servidores administrativos da própria PF. O documento, de 37 páginas, com cinco anexos, listou uma série de critérios que deveriam ser adotados em caso de se decidir pela terceirização. Por exemplo, para cada três terceirizados deveria haver ao menos um policial como supervisor.

                    Mas o que se vê hoje é um descontrole total. Em alguns aeroportos, como o Tom Jobim, no Rio de Janeiro, cada agente da PF precisa monitorar o trabalho de até dez terceirizados. A média nos terminais terceirizados é de um policial para cada sete funcionários privados. Na Tríplice Fronteira, entre Paraguai e Argentina, há 103 funcionários terceirizados para um total de 15 agentes federais. Eles fiscalizam tudo que passa na Ponte Internacional da Amizade e na Ponte Tancredo Neves. Também são responsáveis pela emissão de passaporte e controle de raio X.


                     Os funcionários terceirizados geralmente encaram o serviço como um bico. Ganham pouco mais que um salário mínimo e logo que conseguem algo melhor abandonam o posto. “Trabalhei seis meses na Ultraseg, em Guarulhos. Foi meu primeiro emprego”, afirma Domênica Duarte, 22 anos. O resultado é uma rotatividade altíssima que impede a qualificação desses profissionais. E a maioria das terceirizadas são empresas de mão de obra de serviços gerais, algumas sem nenhuma relação com a atividade de controle migratório. “Essas empresas fecham contratos milionários, dão calote nos funcionários e depois desaparecem”, afirma o presidente do Sindicato dos Servidores da PF no Rio de Janeiro, Telmo Correa. Funcionários contaram à ISTOÉ que a PF paga às terceirizadas R$ 3,5 mil por contratado, mas o funcionário recebe no máximo R$ 800.

                     Uma dessas fornecedoras de mão de obra, a Visual Locação, Serviço e Construção Civil, dos sócios Herbert de Ávila e Alessandro Fagundes, simplesmente sumiu do mapa. No ano passado, a empresa embolsou mais de R$ 33 milhões do governo federal, dos quais R$ 2,7 milhões foram destinados ao pagamento de terceirizados no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio. ISTOÉ esteve em dois endereços registrados em nome da Visual em cidades-satélites de Brasília. O escritório num velho sobrado foi abandonado há dois meses. O corretor, que pediu anonimato, diz que Herbert “não pagou o aluguel, trocou os telefones e desapareceu”. A outra “sede” da empresa fica numa casa sem reboco em área da periferia que integra o programa de incentivos fiscais do governo do Distrito Federal. Apesar do muro alto que cerca o local, pode-se ver a placa com o nome da empresa jogada num canto, enferrujada. “Há duas semanas não aparece ninguém aí”, conta um vizinho.


SIGILO
Funcionários privados que trabalham na emissão de
passaportes têm acesso ao Sistema de Informações da Polícia Federal


                    O caso da Visual não é exceção. A Cosejes, responsável pela emissão de passaporte, embolsou o dinheiro do governo, deu calote nos funcionários e fechou as portas. “Um dia eles não depositaram. Ligamos para a empresa no Ceará e ninguém atendeu. Fomos à filial aqui em São Paulo e já não havia ninguém”, conta Alyne Scirre, 23 anos. A ex-funcionária diz que foi censurada pelos próprios policiais. “Diziam que a gente estava chorando por miséria e que o dono da Cosejes era delegado de polícia”, afirmou.



                     Outro problema é que as empresas terceirizadas não preenchem todos os postos de trabalho, explica o diretor de relações de trabalho da Federação Nacional de Policiais Federais (Fenapef), Francisco Sabino. “Em Guarulhos, a empresa que assumiu os guichês da PF em janeiro contratou 120 pessoas e não completou a cota de 200 funcionários. Por causa do acúmulo de trabalho e dos salários baixos, os terceirizados já pensam em entrar em greve”, afirma Sabino. Ele se refere à empresa SkyServ Locação de Mão de Obra Ltda., que assinou com a Superintendência da PF em São Paulo um contrato de R$ 5,9 milhões para prestar serviços neste ano. Quase a totalidade dessas empresas, aliás, torna-se alvo de ações trabalhistas na Justiça. Acontece que os funcionários são normalmente contratados como recepcionistas ou digitadores, mas acabam exercendo funções de polícia. “Éramos registrados na carteira como recepcionista. Mas fazíamos todo o trabalho de confecção do passaporte”, relata Alyne Scirre. E confirma que tinha acesso a informações particulares no banco de dados da PF. “O trabalho é todo feito por nós. Os policiais nem precisam assinar”, diz. Dentre as atividades que Alyne exercia estão o cadastramento dos dados do requerente no sistema da PF, o envio das informações para a Casa da Moeda e a verificação do documento final. Uma responsabilidade grande demais para quem dava os primeiros passos no mercado de trabalho.


SILÊNCIO
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não quis se manifestar sobre a terceirização na PF

                      Não bastassem os problemas de ordem prática, a terceirização também enfrenta impedimentos legais. O relatório da Polícia Federal, que passou pelas mãos de Tarso Genro e do então diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, é claro: “Em razão de a atividade de fiscalização migratória doutrinariamente enquadrar-se no exercício do poder de polícia pelo Estado, ela é por natureza indelegável. Com isso deve ser executada por servidores efetivos do Departamento de Polícia Federal.” O advogado Luiz Carlos Cavalcanti, especialista em direito constitucional e autor de um estudo sobre o caso, explica que o controle de imigração é um trabalho complexo e altamente especializado. “A habilitação do agente da PF se dá através do estudo de uma disciplina específica denominada polícia marítima aeroportuária e de fronteiras, inserida na grade curricular do curso de formação profissional. A matéria é eliminatória”, afirma Cavalcanti. Se o policial for reprovado nesta disciplina, é imediatamente desligado do curso de formação profissional e do concurso público para agente da PF. O especialista lembra que um policial federal é submetido a investigação social para entrar na carreira, segue regime disciplinar específico e responde a uma corregedoria. Já os terceirizados não estão submetidos a nenhum tipo de controle. “Ninguém sabe de onde vêm e para onde vão esses funcionários. Eles não têm nenhum comprometimento com a instituição”, afirma o diretor da Fenapef, Francisco Sabino. “Do jeito que está qualquer um pode embarcar com passaporte falso. Os terceirizados não sabem a diferença entre um imigrante ilegal, um padre ou uma mula do narcotráfico”, afirma Telmo Corrêa, do sindicato da PF. Agente por formação, ele lembra que a atividade de fiscalização imigratória foi confiada pela Constituição, em seu artigo 144, “de maneira inequívoca” ao Departamento de Polícia Federal. E acrescenta um dado surpreendente nessa complexa equação. Com a realização da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016, as empresas americanas e inglesas querem entrar no lugar das terceirizadas nacionais e assumir o controle da nossa imigração. “É um absurdo. Uma ameaça à nossa soberania”, avalia Telmo.


CEGO
Nem o controle de raio X nos aeroportos está sobre responsabilidade da PF, como determina a legislação.

                    Esse risco não existiria se Genro e Corrêa tivessem escutado as recomendações da comissão da PF. A saída para os gargalos nos aeroportos era de fácil execução, como consta do relatório. “A contratação de mais policiais é a solução que resolve mais rapidamente o problema do controle migratório, uma vez que não haveria necessidade de mudança na rotina de fiscalização”, dizem os delegados no documento. A demanda por mais policiais seria atendida com recém-formados pela Academia Nacional de Polícia. Segundo levantamento da própria PF, bastaria a contratação de mais 181 policiais para atuar nos aeroportos do Rio e de São Paulo. Naquele ano, a academia formou 210 policiais, o suficiente para dar conta do recado. Entretanto, a cúpula da PF optou pelo caminho da terceirização, alegando que os policiais são uma mão de obra qualificada demais para a execução de serviços burocráticos.

                     Fontes da PF afirmam que Luiz Fernando Corrêa pressionou a comissão para que concluísse o relatório a seu gosto. Em vários trechos do relatório da PF, é citada a informação de que “o Ministério da Justiça estaria disposto a fornecer recursos para a contratação de terceirizados”. Na conclusão, o grupo de delegados ressalta que “não sendo escolhida pela direção-geral a alternativa de dotar com lotação efetiva de policiais os aeroportos”, o problema só poderia ser resolvido com a terceirização. O documento subsidiou a medida provisória que alterou a Lei 8.745/93 e abriu as portas para a privatização do controle migratório. 

                     Procurado por ISTOÉ, o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não se manifestou sobre o assunto. Coube ao diretor-executivo da PF, Paulo de Tarso Teixeira, fazer a defesa da instituição. “Os policiais continuam sendo responsáveis pelo controle migratório. Não houve transferência de competência da PF para ninguém”, garante Teixeira. Transferência houve. O trabalho da PF nos aeroportos foi privatizado. Mas em nada aliviou o transtorno vivido pelos brasileiros no agendamento a perder de vista da emissão de passaporte e nas longas filas de desembarque de passageiros.



Fonte:  ISTOÉ Independente, Edição nº 2167, de 20 de maio de 2011.

Disponível em: < http://istoevip.terra.com.br/reportagens/138194_POLICIA+FEDERAL+S+A > Acesso em 02 junho 2011.

Direção Perigosa? Acalme-se.