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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

[...]

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

[...]

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

[...]

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Espíritos Livres

A ignorância é preferível ao erro, e está menos afastado da verdade aquele que não acredita em nada do que aquele que acredita em algo errado.” (Thomas Jefferson)

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São Gabriel, RS, Brazil
Militar do Exército Brasileiro formado pelo Escola de Saúde do Exército, Bacharel em Direito pela URCAMP, blogueiro, ATEU, livre pensador e filósofo por natureza. Procuro o equilíbrio através do conhecimento. “Pareceis inteligente de tal forma que, no dia em que errardes, sereis visto como irônico.”

quinta-feira, 3 de maio de 2012

RELIGIÃO, PSICOPATOLOGIA E SAÚDE MENTAL



Paulo Dalgalarrondo é professor titular de Psicopatologia da Universidade Estadual de Campinas. Suas pesquisas concentram-se nas áreas de: psicopatologia, psiquiatria cultural, saúde mental e religião, psiquiatria social, psiquiatria de crianças e adolescentes e gerontologia.
O livro acima, publicado ano de 2008, pela Artmed, é um trabalho ‘de balanço’, síntese das pesquisas que o professor realiza há cerca de quase 20 anos, segundo suas próprias palavras, referidas nas notas de agradecimento.
Na Revista de Psiquiatria Clínica, volume 35, nº 3, de 2008, está publicada uma resenha do livro acima, pelo professor Zacaria Borge Ali Ramadam.
Segue a resenha na íntegra:


"RELIGIÃO, PSICOPATOLOGIA & SAÚDE MENTAL - RESENHA

Zacaria Borge Ali Ramadam
Professor-associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)


Nesta época inflacionada por manuais e tratados de Psiquiatria, com dezenas de colaboradores, quase todos submissos ao formulário dos DSM, pode-se dizer, sem exagero, que este livro do Prof. Dalgalarrondo constitui uma pequena obra-prima da literatura psiquiátrica nacional.
Trata-se de uma obra de fôlego, produzida por um único autor, fato cada vez mais raro atualmente.
Contudo, o que mais surpreende é a densidade do trabalho, a riqueza de informações, de citações bibliográficas e a criteriosa seleção de fontes.
Como se sabe, a Psiquiatria, desde seus primórdios, passou por grandes vicissitudes e entrechoques drásticos com a esfera religiosa, sobretudo na época do Malleus Maleficarum, de triste memória.
Ao longo dos séculos permanecem vivas numerosas controvérsias, sustentadas por interpretações espiritua-listas sobre a natureza dos transtornos mentais em diversas culturas e regiões do globo.
Daí decorre a importância e atualidade do livro, considerando-se a proliferação de credos religiosos nas últimas décadas e seus rituais de exorcismo ou "curas" miraculosas.
E, não apenas isso, os credos religiosos se inserem nos planos antropológico e cultural, influindo sobremaneira no desenvolvimento psicológico e na formação da personalidade dos indivíduos.
Assim, o estudo das numerosas vertentes e intersecções entre religião, psicopatologia e saúde mental - a proposta deste livro - descortina um amplo horizonte para a Psiquiatria.
A obra consta de 11 capítulos, iniciando pelos conceitos teóricos de religião e religiosidade, com uma revisão crítica de autores clássicos como Feuerbach, Marx ("a religião é o ópio do povo"), Tylor, Frazer, Durkheim, Lévi-Strauss, Max Weber; na área de psicopatologia são revistos Freud, Jung, Lacan, Erikson, W. James, Winnicott, Bion, seguindo-se a esses numerosos autores modernos, até a última década.
Deve-se ressaltar que as idéias desses autores foram minuciosamente revistas e comentadas, denotando a familiaridade do Prof. Dalgalarrondo com os textos originais (alemão, francês e inglês), sem traduções intermediárias ou citações de segunda mão.
Adentrando o campo da psicologia da religião, a partir do capítulo 3, o autor faz um minucioso levantamento de algumas dezenas de obras (livros) mais significativas sobre o assunto, desde o século XVIII até nossos dias, seguindo-se um inventário, igualmente pormenorizado, das revistas científicas especializadas nesse campo, publicadas a partir de 1904; discorre sobre curso da vida, grupos etários, gênero e sexualidade, bem como aspectos neuropsicológicos e a formação da personalidade em correspondência com o substrato religioso vigente.
O capítulo 4, dedicado à religião, contém informações substanciais sobre o vasto panorama de católicos, evangélicos, kardecistas, umbandistas, budistas, judeus e muçulmanos da nossa população, num enfoque histórico-sociológico, sendo comentados trabalhos de pesquisa dos mais renomados autores brasileiros.
Embora todos os tópicos do livro sejam abordados com profundidade e esmero, merece destaque o capítulo sobre psicopatologia e religião, em que a distinção entre fenômenos religiosos e psicopatológicos é conduzida com grande embasamento em pesquisas científicas, sem resvalar no lugar comum da depreciação de manifestações religiosas, denotando equilíbrio e rigor científico.
Isso não surpreende, considerando-se o percurso intelectual do Prof. Dalgalarrondo: realizou seu doutorado em Heidelberg, sob orientação do Prof. Wagner Gattaz, na mesma universidade onde pontificaram Jaspers, Kurt Schneider e outros grandes psicopatologistas; é autor de um excelente livro de Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais e tornou-se, merecidamente, professor titular de Psicopatologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Este livro, que ora comentamos, reflete a grande erudição do autor e seu empenho num exaustivo trabalho de pesquisa; um mergulho profundo nas melhores fontes da investigação e produção científica, neste campo tão rico de indagações e controvérsias.
Proporciona aos leitores uma riqueza de informações e conhecimentos substanciais, não apenas para os profissionais de Psiquiatria e Saúde Mental, mas para todos os interessados na reflexão sobre os fenômenos da nossa cultura.

É uma obra preciosa, para ler e reler."

sábado, 17 de março de 2012

A Advogada Loira


Advogada loira após, FINALMENTE, concluir o seu longo curso de Direito, abre o seu próprio escritório.
No 1º dia, alguém bate à porta. Para marcar aquela presença, ela pega o telefone e pede para a pessoa entrar e esperar. Fica uns 30 minutos fingindo uma conversa:
-Sim, claro! Eu não perco uma causa! Essa está muito fácil... O homem olha para ela com uma cara desconfiada!
- Com certeza, no próximo recurso o juiz nos dará sentença favorável e venceremos!
E assim ficou enrolando. Quando desligou, após aquela "longa conversa", toda educada, ela pergunta:
- Pois não, cavalheiro, em que posso ajudá-lo?
O homem respondeu:
- Sou técnico da “Oi”! Vim instalar sua linha telefônica...

sexta-feira, 16 de março de 2012

De bukis on di têibou!


O Brasil sediará a copa de 2014. Como muitos turistas de todo mundo estarão por aqui, é imprescindível o aprendizado de outros idiomas, em particular o inglês, para a melhor comunicação com estes futuros visitantes.

Pensando em auxiliar no aprendizado, foi formulada uma solução prática e rápida!

Chegou o sensacional e revolucionário curso “De bukis on di têibou”, com muitas palavras que você usará durante a copa do mundo de 2014.

Veja como é fácil e aproveite!


Is we in the tape!”........................................ - É nóis na fita.
Tea with me that I book your face.”............ - Chá comigo que eu livro sua cara.
I am more I.”............................................... - Eu sou mais eu.
Do you want a good-good?”....................... - Você quer um bom-bom?
Not even come that it doesn't have!”.......... - Nem vem que não tem!
She is full of nine o'clock.”.....…........…..... - Ela é cheia de nove horas.
I am completely bald of knowing it.”.......... - Tô careca de saber.
Ooh! I burned my movie!”.......................... - Oh! Queimei meu filme!
I will wash the mare.”................................. - Vou lavar a égua.
Go catch little coconuts!”........................... - Vai catar coquinho!
Before afternoon than never.”..................... - Antes tarde do que nunca.
Take out the little horse from the rain.”..... - Tire o cavalinho da chuva.
The cow went to the swamp!”.................... - A vaca foi pro brejo!
To give one of John the Armless.”.............. - Dar uma de João-sem-Braço.
If you run, the beast catches,if you stay the beast eats!”...........- Se correr, o bicho pega, se ficar o bicho come! 

        Good use! 

quarta-feira, 7 de março de 2012

Kit Anti-Honestidade

SIGNIFICADO DAS GÍRIAS EM INGLÊS MAIS USADAS NA INTERNET



Para você aperfeiçoar o seu inglês! 
 
AFK = “Away From The Keyboard”..................– Longe do computador.
AKA = “Also Known As”.................................. – Também conhecido como.
ASAP = “As Soon As Possible”........................– O mais rapidamente possível.
ASL = “Age, Sex, Location”............................. – Idade, Sexo, Localização.
BBL = “Be back later”..................................... – Volto mais tarde.
BBQ = “Barbecue”........................................... - Churrasco.
BBS = “Be Back in a Second”......................... – Volto num segundo!
BCNU = “Be Seeing You”................................ – Até à vista.
BFN = “Bye, for now”..................................... – Adeus, até logo.
BRB = “Be Right Back”................................... – Volto já!
BTW = “By The Way”...................................... – A propósito, aliás, por falar nisso, etc.
CYA = “See You Later”................................... – Te vejo mais tarde.
Fail = gíria americana que signfica falha, mico, constrangimento, fracasso.
Feelings = signfica sentimento, muio usado no Twitter para dizer que algo trás boas lembranças, etc.
FYI = “For Your Information”.........................– Para sua informação.
GTG, G2G = “Got to go”.................................– Tenho que ir.
HTH = “Hope This Help”................................ – Espero que isto ajude.
IRC = É a abreviatura de “Internet Relay Chat”.
LOL = “Loughing Out Loud”............................- Pode ser traduzido por “Rindo bem alto”.
MOFO = “Mother Fucker” …...........................- Filho da mãe.
MORF = “Male Or Female”...........................- Masculino ou Feminino? Você é homem ou mulher? (também se usa “M or F?”)
Noob = "New Boy"............................................- Um novato no jogo que ainda não sabe das coisas.
NFW = “No Fucking Way”............................. – Nem pensar nisso, de jeito nenhum!
NSFW = “Not safe for work”.............................- Não é seguro para o trabalho. (Utilizado para identificar conteúdo pronográfico).
NP = “No Problem”.........................................- Não tem problema!
NRN = “No Reply Necessary”....................... – Não precisa responder, não requer resposta.
OIC = “Oh! I See”..........................................- To vendo ou Ah! sim, entendi.
OMG = “Oh My God”.....................................- Oh Meu Deus.
PPL = “People” …...........................................- Pessoal, pessoas, galera.
PVT = “Private”..............................................- Pessoal, particular.
ROFL = “Rolling on the Floor Laughing”....- Uma “evolução” de LOL que significa “rolando no chão de tanto rir”.
STFU = “Shut The Fuck Up”............................- Cale a merda desta boca.
THX = “Thanks” …..........................................– Obrigado (também se usa TKS).
TTYL = “Talk To You Later”.….......................– Conversamos mais tarde.
U = “You”......................................................... - Você
YAY =.................................................................- Exclamação de aprovação.
YEP = "Yes"........................................................- Sim.
WTF? = “What The Fuck”.................................- Mas que merda é essa? Que diabos?

domingo, 4 de março de 2012

HABEAS PINHO


Em 1955 em Campina Grande, na Paraíba, um grupo de boêmios fazia serenata numa madrugada do mês de junho, quando chegou a polícia e apreendeu o violão. Decepcionado, o grupo recorreu aos serviços do advogado Ronaldo Cunha Lima, então recentemente saído da faculdade e que também apreciava uma boa seresta. Ele peticionou em juízo, para que fosse liberado o violão.
Aquele pedido ficou conhecido como "Habeas Pinho" e enfeita as paredes de escritórios de muitos advogados e bares de praias no Nordeste.
Mais tarde, Ronaldo Cunha Lima foi eleito Deputado Estadual, Prefeito de Campina Grande, Senador da República, Governador do Estado e Deputado Federal.

Eis a famosa petição.

"Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca 

O instrumento do 'crime' que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revólver ou pistola,
Simplesmente, Doutor, é um violão. 

Um violão, doutor, que em verdade
Não feriu nem matou um cidadão
Feriu, sim, mas a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão. 

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade
O crime a ele nunca se mistura
Entre ambos inexiste afinidade. 

O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam mágoas que povoam a vida
E sufocam as suas próprias dores. 

O violão é música e é canção
É sentimento, é vida, é alegria
É pureza e é néctar que extasia
É adorno espiritual do coração. 

Seu viver, como o nosso, é transitório.
Mas seu destino, não, se perpetua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório. 

Ele, Doutor, que suave lenitivo
Para a alma da noite em solidão,
Não se adapta, jamais, em um arquivo
Sem gemer sua prima e seu bordão. 

Mande entregá-lo, pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas finas e sonoras. 

Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito? 

Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores? 

Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia. 

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento. 


Ronaldo Cunha Lima, Advogado.



O juiz Arthur Moura sem perder o ponto deu a sentença no mesmo tom:

Despacho do Juiz, Dr. Artur Moura:

Para que eu não carregue
Muito remorso no coração,
Determino que seja entregue,
Ao seu dono, o malfadado violão!"



Saindo da rotina... Perguntas que deixam os professores doentes.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

DÚVIDAS!

REFLEXÃO...


NÃO É ESQUISITO QUE...

Quando o outro não faz é preguiçoso.
Quando você não faz... está muito ocupado?
    
Quando o outro fala é intrigante.
Quando você o fala... é crítica construtiva?

Quando o outro se decide a favor de um ponto, é "cabeça dura".
Quando você o faz... está sendo firme?

Quando o outro não cumprimenta, é mascarado.
Quando você passa sem cumprimentar... é apenas distração?

Quando o outro fala sobre si mesmo, é egoísta.
Quando você fala... é porque precisa desabafar?

Quando o outro se esforça para ser agradável, tem segundas intenções.
Quando você age assim... é gentil?

Quando o outro encara os dois lados do problema, está sendo fraco.
Quando você o faz... está sendo compreensivo?

Quando o outro faz alguma coisa sem ordem, está se excedendo.
Quando você faz... é iniciativa?

Quando o outro age apressadamente, é inconsequente.
Quando você o faz... está sendo eficiente?
    
Quando o outro progride, teve oportunidade.
Quando você progride... é fruto de muito trabalho?
    
Quando o outro luta por seus direitos, é teimoso.
Quando você o faz... é prova de caráter?

NÃO É MESMO MUITO ESQUISITO?

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A Ciência Salvou a Minha Alma!


 

Eu Odeio Carnaval!

ATEUS REVOLTADOS?

Afinal, meio cheio ou meio vazio?



Caros Otimista, Pessimista e Realista

Enquanto vocês estavam ocupados com o copo de água, eu o bebi.

Sinceramente
O Oportunista

O Último Sermão do Padre Bartolo



Caros Livres Pensadores

Há pouco tempo atrás recebi um e-mail do sr. Juanico di Salvo - escritor, blogueiro (http://www.juanico.com.br/Index.php/) e também livre pensador – elogiando este blog e divulgando seu mais recente livro, "Penso, Logo Complico".
Como aperitivo, cedeu gentilmente dois de seus textos para divulgação, quais sejam: "O Último Sermão do Padre Bartolo" e "Discurso de Paraninfo". Sinceramente, gostei muito do que li e parece que a obra é promissora. Inteligentes e bem humorados, seus textos abordam exatamente o que este blog propõem: o livre pensar e expressar. Segue um "pitaco" para que todos saboreiem. Bon appétit.


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O Último Sermão do Padre Bartolo

Juanico di Salvo


O padre Bartolo inicia sua leitura:

Estando Jesus a caminho da Galiléia eis que aproximou-se dele um grupo de homens vindos de Jericó. Eles carregavam um jovem que aparentava estar morto. Deitaram-no no chão e pediram ajuda ao Senhor. – Senhor, só tu podes ajudar-nos em nossa dor e na nossa ignorância sobre a morte do nosso irmão.
Ouvindo isso, Jesus lhes disse: “como podeis ter certeza da morte deste homem?”
E eis que no grupo havia um homem chamado Flavius, que disse, “Senhor, ele não respira!”
E Jesus lhe disse, “E isso é prova definitiva de que esteja morto?”
Então Flavius insistiu: “podes ver com teus próprios olhos, Senhor, ele não se mexe”.
E então Jesus olhou atentamente para o homem deitado e disse: “Já pensaram que isso pode ser um truque? Olhai isto...” (mostra uma rigidez engraçada, do tipo “estátua”). Ao ver isso todos ficaram admirados. E o irmão maior de Flavius disse: “tua performance é verdadeiramente notável, Senhor, nunca havíamos visto algo assim antes. Tu deves ser um ator profissional. Agora, se me permites observar, o corpo que trouxemos à tua presença já começa a apodrecer”.
E Jesus disse, “pois então vos pergunto, homens de Jericó: onde está a vossa fé? Já tentastes lhe fazer cócegas nos sovacos?”
E um deles respondeu: “Sim, Mestre, mas ele não deu sinal de vida.”
Mas Jesus ainda não estava convencido e perguntou: – “... e na planta dos pés?”
E Flavius respondeu com firmeza: – “... também já tentamos, Mestre, mas ele não reagiu.”
Porém, o Senhor não desistia facilmente e lhes perguntou: – Tiraram-lhe as sandálias antes de lhe aplicar cócegas na planta dos pés?
E então Flavius disse: – “Sim, Senhor, de fato lhe tiramos as duas sandálias. Agora ele está em tuas mãos, só tu podes nos ajudar!”
E Jesus calmamente falou: – “Em verdade vos digo, homens de Jericó: vocês estão certos, isto não é um truque, o homem que agora jaz deitado no chão, está realmente morto!”
E todos os presentes viram que aquilo era a mais pura verdade e viram que isso era bom e se regozijaram e disseram: – “Muito obrigado, Senhor! Nossa viagem não foi em vão, vos sois realmente o Messias, o filho de Deus, aquele que veio para nos trazer a verdade.”

(Fim da leitura)

Nesta passagem Jesus nos diz que se não conseguimos mudar a realidade, temos que mudar o paradigma. Como fazem os analistas financeiros, esses santos modernos do Deus “mercado”... Eles mudam suas análises para explicar o que já aconteceu, mas nunca sabem o que vai acontecer amanhã.
Jesus nos ensina a não perder tempo pedindo-lhe milagres inviáveis, bem como a tirar todas nossas dúvidas antes de aceitar a realidade como ela é.
Quando um pênalti está prestes a ser cobrado, não há sempre torcedores rezando para que a bola entre, e torcedores rezando para que o goleiro defenda? Se Ele realmente torcesse por algum time, algum outro time teria chance? Se Ele está conosco, quem estará contra nós? Irmãos, não há fé que possa resolver o drama de um time de pernas de pau.
Exemplo clássico foi o nosso irmão Adelir, “o padre baloeiro”. Que Deus o tenha! Pois com toda sua fé não encontrou proteção contra os ventos fortes do litoral, nem tomada nas alturas para carregar a bateria do seu celular... Deus sabe o que faz, e o que deixa de fazer.
Nossa eucaristia tem-se tornado um sucesso nacional graças ao novo tempero que introduzimos no preparo das nossas hóstias. Aliás, tenho visto muita gente comungar, e depois retornar à fila para repetir... E vos digo: evitemos esta prática para não retardar o andamento da fila. Sei que não é fácil resistir às tentações da gula! É só falar em hóstias e muitos de vocês começam a salivar... Paciência!
Sabemos da importância dos temperos para o desenvolvimento da humanidade. O primeiro tempero humano que conhecemos foi usado para salgar o pão. Pois está escrito: “comerás o pão com o suor do teu rosto...”
Mantemos em segredo a receita das nossas hóstias, pois muitos padeiros e confeiteiros já tentaram nos imitar. Sem sucesso. Os seguidores da nossa paróquia triplicaram, e também triplicou nossa arrecadação mensal. E graças a quem? Às nossas hóstias temperadas.
Achei oportuno interceder pelos nossos dizimistas e pleitear junto à arquidiocese uma redução do dízimo para a metade do valor. Se Ele está conosco, quem estará contra nós? Hummm... na primeira instância não fui atendido. Na segunda me acusaram de rebeldia. É por isso que temos hoje a presença do Monsenhor Bernabeu e do Arcebispo Dom Eusébio, acompanhando o meu caso. Eles vieram à paisana.
Na minha missa de despedida (suspiro), vejo com alegria a presença de muitos jovens. Alguns são frequentadores dominicais assíduos que sentirão minha falta, outros vieram só para ter certeza da minha partida.
Caros irmãos, nossa juventude anda confusa pelos maus exemplos dos mais velhos. Juízes do outro lado da balança da justiça, padres pedófilos, falsos profetas, políticos de butequim, empresários lobistas e velhos pornógrafos infantis. Nossos jovens perderam as referências e não sabem mais a quem seguir.
Vi um jovem parado na esquina lendo no vidro de um carro um bonito adesivo: “Jesus salva”. Logo atrás vinha outro carro com outro adesivo: “Ecco Salva”. Perceberam a confusão na cabeça deste jovem? Num outro adesivo lia: “Jesus é o maior, o diabo não está com nada!”. Haja provocação. Não se brinca com fogo!
Nos jornais vemos psicólogos cometendo suicídio e jovens médicos morrendo de automedicação! De um empreiteiro ouvi as receitas que andam de boca em boca: “O combustível da política é a propina. Já conheci políticos honestos, mas evito-os, são os que cobram mais caro. Se quiser dobrar um político honesto, dobre-lhe a propina”, etc.
Muitas seitas consideravam a televisão uma coisa do demônio. É claro que tem muito lixo na televisão, nem vou citar os reality shows porque sei de gente respeitável, como o arcebispo, que não perde um lance. Mesmo assim, nós nunca classificamos a televisão como coisa do demônio. Cada qual tem seu livre-arbítrio. Eu adoro o Discovery! Mas já notaram quantos demônios tiram das pessoas pela televisão?
Um jovem acompanhou uma amiga no templo de uma igreja que não vou citar, por questões éticas. No meio do culto ele foi arrastado até o meio do altar por dois leões de chácara que o sacudiram, bateram na sua cabeça, nas costelas e no traseiro. Então, ele me disse, “nunca imaginei que os demônios se alojassem em lugares tão improváveis. Na cabeça ainda vai, mas no meu traseiro, padre Bartolo?! Me tiraram 5 demônios... e a carteira!”
Usemos a inteligência que Deus nos deu. Temos que separar o joio, mas ficar com o trigo!
Encontrar Jesus virou moda. Mas parece que muitos dos que encontraram Jesus não aproveitaram bem a oportunidade. Ou encontraram Jesus ocupado com outras coisas. Vejam o exemplo do dono do açougue “A carne é fraca”, aqui em frente. Disse ele que havia conversado com Jesus e que estava cheio de júbilo e até tinha se curado do ranger de dentes. Entretanto, continua roubando na balança e no troco.
Certamente lembram do telhado daquele templo que desabou e levou muitos desta para melhor. Não, não foi castigo. O culto havia acabado de terminar, portanto, não havia tempo para pecados que justificassem um castigo desse tamanho. E os cupins são insetos. Insetos ateus! E com os ateus precisamos usar a inteligência, meus irmãos, não a fé. Irmãos, a fé não remove excesso de peso nem madeira podre. A fé não altera a lei da gravidade.
A fé pode até remover montanhas, mas não remove cupins. Como ter fé num lugar onde há falta de manutenção? Outro dia vi um carro caindo aos pedaços com um adesivo desses clássicos: “Jesus é o Caminho”. Percebem o contrasenso?
Muitos “escritos sagrados”, só foram passados pro papel depois de séculos de tradição oral. Vejam, em Apocalipse 7:1, onde João diz: “vi os quatro anjos em pé, nos quatro cantos da terra...” Obviamente que para João a terra era plana, quadrada e pequena, pois viu os 4 anjos no mesmo vislumbre. E João viu também bestas, dragões, muito fogo e anjos tocando trombetas.
Se alguém viesse aqui hoje com uma história dessas, a primeira coisa que eu faria era pedir um teste de bafômetro e um exame toxicológico. Esses apocalípticos são engraçados, sempre estão torcendo para que o mundo acabe quanto antes, já notaram? Veem sinais do fim dos tempos em tudo, guerras, vulcões, terremotos, pestes, inundações, enfim.
A história do Gênese me custou caro junto à cúria. É que mais parece uma história de ninar. Com apenas oito anos de idade, Alisson perguntou à sra Mônica, a professora de catequese da nossa paróquia: “... fessora, o casal de cachorrinhos que Noé colocou na Arca era de qual raça: poodle, rottweiler, pinscher, linguiça, dálmata ou vira-lata?” Se o homem desenvolveu centenas de raças de cachorros em poucos milênios, o que a natureza não fez em centenas de milhões de anos? Percebem o drama que é explicar a riqueza da diversidade, pela fé?
Aliás, se a resposta correta fosse o cachorro linguiça, muita gente consideraria que foi um erro de projeto. A sra Mônica não soube responder. Procurou minha ajuda. Eu sabia que essa história do Dilúvio e da Arca era um plágio da Epopeia de Gilgamesh escrita na pedra 18 séculos antes que os textos do Antigo Testamento.
Bem, voltemos ao Gênese, não é por má fé, não, mas a Arca de Noé não tinha condições. Com mais de 280 espécies de dinossauros já catalogados, sinceramente!
E as águas cobrindo todas as montanhas da terra? Ora, o Everest tem quase 9 km de altura e sem aquela erosão toda naquela época devia ter 10 vezes mais. Vale o trocadilho: “tanta água assim, não tem cabimento!”
A pergunta do Alisson coloca a história da Arca de Noé por água abaixo. Para encurtar, dona Mônica me dedurou e eu tive que fazer um relatório para a arquidiocese, que o repassou ao CNBB, que lavou as mãos, que encaminhou ao papa, que é o único mortal com linha direta com o Criador para tratar das coisas que “só Deus sabe”.
Bento XVI recebeu a dúvida do Alisson no mesmo dia em que andou criticando os muçulmanos, e desandou a falar em várias línguas (simultaneamente!). O papa mandou aplicar ao Alisson 200 pais-nossos de penitência. Não achando justo, eu abaixei a pena para 50, em ritmo ligeiro. Não é que novamente fui dedurado pela dona Mônica?!
Um biólogo famoso, após um erro que cometera quando criança, foi chamado pela mãe que lhe disse: “Filho, não existe pecado, existem apenas coisas adequadas ou inadequadas, oportunas ou inoportunas.”
Eis uma versão interessante para o pecado e para o livre-arbítrio. Sua mãe transferia para ele a responsabilidade pelos seus atos, sem prêmios celestiais ou castigos infernais.
Nestes momentos de crise, em que os pecados capitais estão sob revisão, gostaria de falar sobre o conceito de pecado no mundo atual.
Hoje, ser pobre, gordo, não entender de informática, ser velho, desempregado, não passar no vestibular, ser paranista... é pecado. Não ter um bumbum bonito também é pecado e o silicone é uma benção! Aliás, ser feio também é um grande pecado.
Mas, inegavelmente, o pior dos pecados capitais modernos é ser feio e sem capital. O Monsenhor Bernabeu contava a história de um senhor, muito feio, que esperava o nascimento de seu primeiro filho. O menino nascera parecido com o pai, exceto pelas orelhas, que eram ainda maiores. Ele disse para a mulher: “Que coisa bonitinha nosso bebê, amor!”. Mas a mulher, traumatizada depois de ver a criança, começou a chorar e a berrar. Então ele a consolou: “Desculpa amor, eu só estava brincando...”
Cuidado, irmãos, rir da desgraça alheia também é pecado!
A preguiça é um dos maiores pecados capitais. A Bíblia registra nada menos que 57 passagens sobre a preguiça. E deixaram de incluir outras duzentas. Adivinhem por quê? Pura preguiça! Vejamos esta famosa passagem do Êxodo: “Depois de 40 dias de jejum, Moisés descia o Monte Sinai exausto, carregando as Tábuas da Lei, que eram de pedra. A multidão o esperava dançando em volta do Bezerro de Ouro. Faltando 70 metros de descida, Moisés sentou para tomar fôlego e aguardou o intervalo musical. E eis então que gritou: Será que ninguém vai me ajudar com estas pedras?”
Moisês ficou tão bravo que quebrou as pedras e ordenou a matança dos mais festeiros. Foram sacrificados 3 mil num só dia! Depois, chateado pelo ocorrido, Moisés reparou num pedaço de pedra ensanguentado, no chão. Uma tristeza profunda invadiu seu coração. A pedra ainda mostrava: “Não matarás!”
Garrincha, que Deus o tenha! (de preferência na ponta direita), não foi apenas um dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos, como um dos mais falsos da história. Garrincha era um perfeito mentiroso. Ele fazia que ia em frente, mas voltava; depois ameaçava ir pela esquerda e cortava pela direita!
E o hedonismo, que prega o prazer a qualquer custo? Vamos com calma, irmãos! É inteligente usar a liberdade para cair nas garras da dependência?
Muitos aspiram ao prazer individual total. Alguns aspiram e até injetam. Para mim, overdose é “realizar uma viagem longa demais para lugar nenhum.” Esta questão é delicada, mas temos que encarar. O crime organizado mata mais de 500 pessoas por ano em Curitiba. “Números oficiais”. Mata-se por menos de 10 reais! A questão para o usuário é: mocinho ou bandido? Ou depende da festinha?
Tenho sido um padre polêmico. Lembro de ter afirmado que Bush queria a união dos muçulmanos e por isso os juntava em Guantânamo. Pois também foi Bush quem reacendeu o grande sonho de todo fundamentalista: “antecipar o descanso eterno para aos inimigos!”. Mas será que não temos fundamentalistas na nossa igreja?
O caso da moça italiana que ficou em coma irreversível durante 17 anos comoveu todos nós. E trouxe à tona o tema da eutanásia. Parece que aqui os papéis da ciência e da igreja se inverteram. A igreja do lado dos equipamentos médicos e os médicos libertando o espírito desta jovem, acorrentado por tanto tempo.
Imaginem um médico confortando um paciente terminal, com fortes dores: “Chorai e gemei neste vale de lágrimas, porque vosso será o reino dos céus”. Acho que ele seria processado por falta de ética e negligência.
E quando a ciência se mete na religião? Einstein disse: “Deus não joga dados.” O que é que entendia Einstein sobre os passatempos de Deus?
Um arcebispo opinava sobre células-tronco apesar de entender disso menos que uma lagartixa! Vejam bem, não é brincadeira de mau gosto, as salamandras regeneram membros completos, braços, pernas, rabo. E sozinhas!
Minhas últimas noites têm sido de insônia e de muita reflexão. Passei a perceber que como qualquer católico sou obrigado a aceitar as regras da igreja nos casos em que fé e conhecimento conflitam. O papa discursou um dia contra o uso da camisinha na África! Agora voltou atrás. Ele entende de AIDS?
Se a razão e a revelação são métodos válidos por que então dão resultados diferentes? Numa sala há cientistas olhando os resultados de um experimento e dizendo: “já temos os fatos, agora precisamos das respostas.” Na outra sala, religiosos mostrando livros sagrados, “temos a resposta, agora precisamos dos fatos”.
Sinto-me só nestas ponderações. Aprendi com a minha avó que a solidão é um mito. Ela era uma mulher muito espirituosa e, pouco antes de morrer, me disse no leito do hospital: “Meu neto, vou lhe revelar meu grande segredo: nós nunca estamos sós, sempre tem alguma coisa incomodando. Em poucos anos você vai chegar à terceira idade, Bartolo. Tente aproveitar cada momento. Descobri que só há uma coisa lamentável na terceira idade: não existe quarta!”
Quando comecei a rezar um pai-nosso, ela me interrompeu delicadamente: “não precisa rezar mais, com tudo que rezei nesta vida por que Deus iria me atender só agora que estou chegando ao fim?
Mas, avó, eu disse, a senhora fala como alguém que se converteu ao ateísmo!
Acertou, querido, e me sinto mais tolerante do que nunca. As pessoas que eu vi aqui nos últimos meses tentando aliviar nossa dor eram médicos, enfermeiras e os clowns da “Trupe da Saúde”. Cada um do seu jeito, eles não se importam com as crenças ou descrenças dos doentes, mas com sua melhoria. Alguns eram ateus, portanto incapazes de pilotar um avião contra um prédio, ou apedrejar um homem por trabalhar aos sábados, ou uma mulher por ser adúltera (quem sabe num daqueles sábados em que o marido andava trabalhando). Seria um ateu capaz de condenar alguém a arder no fogo eterno por discordar de suas opiniões? Por que é que só para as pessoas de fé que perguntar ofende, sendo que para o ateu é a coisa mais sensata a se fazer quando faltam evidências?
Ela faleceu um dia depois. Suas últimas palavras foram: “Estou vendo um túnel se aproximando. Daqui a pouco saberei o que há do outro lado. Qualquer coisa, eu ligo para vocês...”

(Tirando a batina)

Estou renunciando hoje ao meu sacerdócio. Dona Mônica vai ficar contente.
Felicidades e até sempre meus irmãos.

Fim


Texto extraído do livro “Penso, logo Complico”. Editora Livre Expressão, 2011.

(mais informações em: www.juanico.com.br ou juanico@juanico.com.br)



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

2012


- Eu só tinha espaço suficiente para ir até 2012.
- Ha! Isso vai enlouquecer alguém algum dia.

Somente mais um lembrete

I want a pay day from week ago.

                          Os tempos são outros meus amigos! Se você ainda não se adaptou ao idioma “universal”, já está passando da hora de começar. Esqueça aqueles bordões já prontos e muitíssimo batidos, tais como: “To be, or not to be, that is the question.” ou “The book is on the table.” Se até o Michel Teló canta em inglês (Ai se eu te pego - If I catch you), tenho certeza que todos – eu disse TODOS – podemos "hablar" o nobre idioma. E para isto, transmito um pouco do conhecimento adquirido em "anos de experiência” com o vernáculo importado. Conheçam algumas palavras que vão fazer com que você consiga se comunicar com os gringos de uma forma fácil e descolada. Bom proveito, pois esta aula é gratuita.  



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A moralidade exige Deus ... ou não?



 
O artigo seguinte foi retirado da revista Free Inquiry, Volume 17, Número 3.
Escrito por Theodore Schick, Jr.

Tradução: Marcos Joel


Embora Platão tenha demonstrado a independência lógica de Deus e da moralidade há mais de 2.000 anos no Eutífron(1), a crença que a moralidade requer Deus continua a ser amplamente aceito como a moral máxima. Em particular, isto serve como pressuposto básico da teoria fundamentalista cristã social. Os fundamentalistas afirmam que todos os males da sociedade - desde a AIDS até a gravidez fora do casamento - são o resultado de uma falha na moralidade e que esta quebra se deva ao declínio na crença em Deus. Apesar de muitos fundamentalistas apontarem o início desse declínio à publicação de Charles Darwin, A Origem das Espécies (1859), outros indicam a decisão da Suprema Corte, em 1963, que proíbe a oração em sala de aula. Na tentativa de neutralizar essas supostas fontes de decadência moral, os fundamentalistas de toda a América estão procurando restaurar a crença em Deus, promovendo o ensino do criacionismo e da oração na escola.
A crença de que a moralidade necessita de Deus não está limitado a teístas, no entanto. Muitos ateus também o admitem. O existencialista Jean-Paul Sartre, por exemplo, diz que: "Se Deus está morto, tudo é permitido." Em outras palavras, se não houver nenhum ser supremo para estabelecer a lei moral, cada indivíduo é livre para fazer o que lhe agrada. Sem um legislador divino, não pode haver lei moral universal.
A idéia de que Deus cria a lei moral é muitas vezes chamado de "Teoria do Comando Divino de Ética." Segundo essa visão, o que torna uma ação correta é que Deus quer que isso seja feito. Que um agnóstico devesse entender essa suspeita teoria é evidente, pois, se alguém não acredita em Deus ou se não tem certeza que Deus é o Deus verdadeiro, ser dito que se deva fazer como os mandamentos de Deus não vai ajudar ninguém a resolver quaisquer dilemas morais. O que não é tão óbvio é que os teístas devem achar essa teoria suspeita, também, pois ela é incompatível com a crença em Deus.


O Legislador Arbitrário

Para entender melhor a importação da Teoria do Comando Divino, considere o conto seguinte:

"Parece que, quando Moisés desceu da montanha com as tábuas contendo os Dez Mandamentos, os seus seguidores lhe perguntaram o que elas revelavam sobre como deveriam viver suas vidas. Moisés disse-lhes: 'Eu tenho uma notícia boa e uma má notícia.'
'Dê-nos a boa notícia em primeiro lugar,' eles disseram.
'Bem, a boa notícia', respondeu Moisés, 'é que ele manteve o número de mandamentos abaixo de 10'.
'Ok, qual é a má notícia?' perguntaram.
'A má notícia,' Moisés respondeu: 'é que ele manteve um mandamento sobre o adultério.'
A questão é que, de acordo com a Teoria do Comando Divino, nada é certo ou errado a menos que Deus queira que seja assim. Independentemente do que ele diga. Então, se Deus tivesse decretado que o adultério era permitido, então o adultério seria admissível.
Vamos aproveitar esta linha de raciocínio até sua conclusão lógica. Se a Teoria do Comando Divino fosse verdade, então os Dez Mandamentos poderiam ter sido algo como isto:
  • Deverás matar a todos que não goste.
  • Estuprarás todas as mulheres que desejares.
  • Deverás roubar tudo o que cobiçares.
  • Deverás torturar crianças inocentes em teu tempo livre.
A razão pela qual isso é possível é que matar, estuprar, roubar e torturar não estavam errados diante de Deus que os fez assim. Uma vez que Deus é livre para estabelecer os conjuntos de princípios morais à sua escolha, ele poderia muito bem ter escolhido este conjunto como a qualquer outro.
Muitos poderiam considerar este um reductio ad absurdum(2) da Teoria do Comando Divino, pois é insensatez pensar que tal matança desenfreada, estupro, roubo e tortura poderia ser moralmente admissível. Além disso, acreditar que Deus poderia ter ordenado essas coisas é de destruir qualquer um que pudesse ter motivos para elogiar ou adorá-lo. Leibniz, em seu Discurso sobre Metafísica, explica:
"Em afirmar, portanto, que as coisas não são boas de acordo com qualquer padrão de bondade, mas simplesmente pela vontade de Deus, parece-me que se destrói, sem perceber, todo o amor de Deus e toda a sua glória. Por que elogiá-lo pelo que ele fez, se ele seria igualmente louvável em fazer o contrário? Onde vai a sua justiça e sua sabedoria se ele tem apenas um certo poder despótico, se a arbitrariedade toma o lugar da razoabilidade e se de acordo com a definição dos tiranos, a justiça consiste em o que é agradável para o mais poderoso? Além disso, parece que todo ato da vontade pressupõe alguma razão para a boa vontade e isso, naturalmente, deve preceder o ato."
Para Leibniz, se as coisas não são nem certo nem errado, independentemente da vontade de Deus, então Deus não pode escolher uma coisa em detrimento de outra, porque é certo. Portanto, se ele escolher um ou outro, sua escolha deve ser arbitrária. Mas um ser cujas decisões são arbitrárias não é um ser digno de adoração.
O fato de que Leibniz rejeita a Teoria do Comando Divino é significativo, pois ele é um dos teístas mais empenhados na tradição intelectual ocidental. Ele argumenta detalhadamente que deve haver um todo-poderoso, onisciente e bondoso Deus e, consequentemente, que este deve ser o melhor dos mundos possíveis, que tal Deus não poderia criar nada menos. Desde que Voltaire satirizou essa visão em Cândido(3), tem sido difícil para defender com seriedade. Não obstante, o que Leibniz demonstra é que, longe de ser desrespeitoso ou herético, a visão de que a moralidade é independente de Deus é uma questão extremamente sensível e fiel para um teísta manter.


Uma Teoria Vazia

Para evitar a acusação de absurdo, um teórico Comando Divino poderia tentar negar que a situação descrita acima é possível. Ele poderia argumentar por exemplo, que Deus nunca iria perdoar tal matança, estupro, roubo e tortura, porque Deus é bondoso. Mas para fazer tal afirmação a teoria torna-se vazia. A Teoria do Comando Divino é de natureza da moralidade. Como tal, ela nos diz o que faz algo ser bom oferecendo uma definição de moralidade. Mas, se a bondade é um atributo de definição de Deus, então Deus não pode ser usado para definir a bondade, pois, nesse caso, a definição seria circular - o conceito a ser definido estaria fazendo a definição - e tal definição seria pouco informativa. Se ser bondoso é uma característica essencial de Deus, então toda a Teoria do Comando Divino nos diz que as boas ações seriam desejadas por um extremo bem estar. Apesar disso ser certamente verdade, isto é ignorância. Por isso não nos diz o que torna algo bom e, portanto, não aumenta a nossa compreensão da natureza da moralidade.
Um teórico Comando Divino pode tentar evitar essa circularidade, negando que a bondade seja um atributo de definição de Deus. Mas isso iria levá-lo da frigideira para o fogo, pois se a bondade não é uma característica essencial de Deus, então não há garantia de que aquilo que ele quer vai ser bom. Ainda que Deus seja todo-poderoso e onisciente, não decorre que ele seja totalmente bondoso, pois, como nos ensina a suposta história de Satanás, ele pode ser poderoso e inteligente sem ser bom. Assim, a Teoria do Comando Divino enfrenta um dilema: se a bondade é um atributo de definição de Deus, a teoria é circular, mas se não é um atributo que o determine, a teoria é falsa. Em ambos os casos, a Teoria do Comando Divino não pode ser considerada uma teoria viável para a moralidade.
As considerações anteriores indicam que não é razoável acreditar que uma ação é correta porque Deus quer que isso seja feito. Pode ser plausível acreditar que Deus queira que uma ação seja feita por que seja certa, mas crer nisso é ter fé que a justa ação é independente de Deus. Em qualquer caso, a visão de que a lei moral requer um legislador divino é insustentável.


Deus, o Executor

Há aqueles que sustentam, no entanto, que mesmo que não seja necessário que Deus seja o autor da lei moral, é ele, contudo, imprescindível como aplicador dela, pois sem a ameaça de punição divina, as pessoas não vão agir moralmente. Mas esta posição não é mais plausível do que a Teoria do Comando Divino em si.
Em primeiro lugar, como uma hipótese empírica sobre a psicologia dos seres humanos, isto é questionável. Não há nenhuma evidência inequívoca de que os teístas são mais morais do que os não-teístas. Não somente estudos psicológicos falharam em encontrar uma correlação significativa entre freqüência de culto religioso e de conduta moral, mas os criminosos condenados são muito mais propensos a ser teístas do que os ateus.
Em segundo lugar, a ameaça de punição divina não pode impor uma obrigação moral, por que não seria o certo a fazer. Ameaças extorquem, e não criam uma obrigação moral. Assim, se nossa única razão para obedecer a Deus é o medo da punição se não o fizermos, então, do ponto de vista moral, Deus não tem direito a reivindicar a nossa lealdade mais que Hitler ou Stalin.
Por outro lado, uma vez que o auto-interesse não é uma base adequada para a moralidade, não há razão para acreditar que céu e inferno não podem executar a função reguladora muitas vezes atribuída a eles. Céu e inferno são muitas vezes entendidos como o cajado que Deus usa para nos fazer entrar na linha. O céu é a recompensa para as pessoas boas por as tê-lo sido assim, e o inferno é o castigo para as pessoas que foram más. Mas considere isto. As pessoas boas fazem o bem, porque eles querem fazer o bem - não porque elas irão se beneficiar pessoalmente com isto ou porque alguém as forçou a fazê-lo. Aqueles que fazem o bem apenas em próprio benefício ou para evitar danos pessoais não são boas pessoas. Alguém que salva uma criança se afogando, por exemplo, só porque foi oferecida uma recompensa ou foi fisicamente ameaçada não merece a nossa consideração. Desse modo, se o único motivo para a realização de boas ações é o seu desejo de ir para o céu ou o seu temor de ir para o inferno - se todas suas outras ações são motivadas puramente por interesse próprio - então você devia ir para o inferno porque você não é uma boa pessoa. Uma preocupação obsessiva com o céu ou o inferno realmente deve diminuir as chances de salvação ao invés de aumentá-las.
Os fundamentalistas percebem corretamente que padrões morais universais são necessários para o bom funcionamento da sociedade. Mas eles acreditam equivocadamente que Deus é a única fonte possível de tais normas. Filósofos tão diversos como Platão, Immanuel Kant, John Stuart Mill, George Edward Moore e John Rawls têm demonstrado que é possível ter uma moralidade universal sem Deus. Contrariamente ao que os fundamentalistas poderiam nos fazer acreditar, então, que a nossa sociedade realmente não precisa de mais religião, mas de uma noção mais rica de natureza moral.


Theodore Schick Jr., é professor de Filosofia na Muhlenberg College e co-autor (com Lewis Vaughn) de como pensar sobre coisas estranhas: Pensamento Crítico para uma Nova Era (Mayfield Publishing, 1995).


Notas do tradutor:

1 - Eutífron é um dos primeiros diálogos de Platão, datando de cerca de 399 a.C.. Ele apresenta o filósofo grego Socrates e Eutifro, conhecido como sendo um experto religioso. Eles tentam estabelecer uma definição para piedade.
2 - Reductio ad absurdum significa algo próximo a "redução ao impossível" (expressão frequentemente usada por Aristóteles), também conhecida como um argumento apagógico, reductio ad impossibile ou, ainda, prova por contradição, é um tipo de argumento lógico no qual alguém assume uma ou mais hipóteses e, a partir destas, deriva uma consequência absurda ou ridícula, e então conclui que a suposição original deve estar errada.
3 - “Cândido” é uma das obras mais conhecidas de Voltaire. O texto contrapõe ingenuidade e esperteza, desprendimento e ganância, caridade e egoísmo, delicadeza e violência, amor e ódio. Tudo isso mesclado com discussões filosóficas sobre causas e efeitos, razão e ética.

Disponível em: <http://www.secularhumanism.org/library/fi/schick_17_3.html> Acesso em 08 janeiro 2012.

Direção Perigosa? Acalme-se.