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CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

[...]

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

[...]

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

[...]

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Espíritos Livres

A ignorância é preferível ao erro, e está menos afastado da verdade aquele que não acredita em nada do que aquele que acredita em algo errado.” (Thomas Jefferson)

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São Gabriel, RS, Brazil
Militar do Exército Brasileiro formado pelo Escola de Saúde do Exército, Bacharel em Direito pela URCAMP, blogueiro, ATEU, livre pensador e filósofo por natureza. Procuro o equilíbrio através do conhecimento. “Pareceis inteligente de tal forma que, no dia em que errardes, sereis visto como irônico.”

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Como Vejo o Mundo - Albert Einstein


A mente humana é maravilhosa. O que mais impressiona é que, em época diversa e após gerações, certas ideias e pensamentos são tão atuais como se eles fossem, hoje, imaginados.
A exposição do ideário de grandes pensadores, tais como Einstein, grande legado à humanidade assim reconhecido, nos fornece uma conexão valiosa para a compreensão de coisas tão simples, mas invisíveis à grande "massa emburrecida", como ele próprio afirma.
Uma das inúmeras obras a ser, obrigatoriamente, lida antes de morrer, Como Vejo o Mundo mostra, através dos olhos de Einstein, como nosso lar poderia ser infinitamente melhor. De forma simples, concisa e brilhantemente colocada, aborda temas como Liberdade, Religião, Bem e o Mal, Cultura, Educação, Política ...
É um prazer incomensurável absorver cada palavra sua. A sensação é de que ele registrou cada pensamento, cada intenção e modo como nós, Livres Pensadores, vemos e sentimos o mundo. Ele escreveu com nossas falas.

Segue um pequeno trecho do livro. Espero que gostem.


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COMO VEJO O MUNDO

                                                             Albert Einstein


"Minha condição humana me fascina. Conheço o limite de minha existência e ignoro por que estou nesta terra, mas às vezes o pressinto. Pela experiência cotidiana, concreta e intuitiva, eu me descubro vivo para alguns homens, porque o sorriso e a felicidade deles me condicionam inteiramente, mas ainda para outros que, por acaso, descobri terem emoções semelhantes às minhas.
E cada dia, milhares de vezes, sinto minha vida — corpo e alma — integralmente tributária do trabalho dos vivos e dos mortos. Gostaria de dar tanto quanto recebo e não paro de receber. Mas depois experimento o sentimento satisfeito de minha solidão e quase demonstro má consciência ao exigir ainda alguma coisa de outrem. Vejo os homens se diferenciarem pelas classes sociais e sei que nada as justifica a não ser pela violência. Sonho ser acessível e desejável para todos uma vida simples e natural, de corpo e de espírito.
Recuso-me a crer na liberdade e neste conceito filosófico. Eu não sou livre, e sim às vezes constrangido por pressões estranhas a mim, outras vezes por convicções íntimas. Ainda jovem, fiquei impressionado pela máxima de Schopenhauer: “O homem pode, é certo, fazer o que quer, mas não pode querer o que quer”; e hoje, diante do espetáculo aterrador das injustiças humanas, esta moral me tranquiliza e me educa. Aprendo a tolerar aquilo que me faz sofrer. Suporto então melhor meu sentimento de responsabilidade. Ele já não me esmaga e deixo de me levar, a mim ou aos outros, a sério demais. Vejo então o mundo com bom humor. Não posso me preocupar com o sentido ou a finalidade de minha existência, nem da dos outros, porque, do ponto de vista estritamente objetivo, é absurdo. E no entanto, como homem, alguns ideais dirigem minhas ações e orientam meus juízos. Porque jamais considerei o prazer e a felicidade como um fim em si e deixo este tipo de satisfação aos indivíduos reduzidos a instintos de grupo.
Em compensação, foram ideais que suscitaram meus esforços e me permitiram viver. Chamam-se o bem, a beleza, a verdade. Se não me identifico com outras sensibilidades semelhantes à minha e se não me obstino incansavelmente em perseguir este ideal eternamente inacessível na arte e na ciência, a vida perde todo o sentido para mim. Ora, a humanidade se apaixona por finalidades irrisórias que têm por nome a riqueza, a glória, o luxo. Desde moço já as desprezava.
Tenho forte amor pela justiça, pelo compromisso social. Mas com muita dificuldade me integro com os homens e em suas comunidades. Não lhes sinto a falta porque sou profundamente um solitário. Sinto-me realmente ligado ao Estado, à pátria, a meus amigos, a minha família no sentido completo do termo. Mas meu coração experimenta, diante desses laços, curioso sentimento de estranheza, de afastamento e a idade vem acentuando ainda mais essa distância. Conheço com lucidez e sem prevenção as fronteiras da comunicação e da harmonia entre mim e os outros homens. Com isso perdi algo da ingenuidade ou da inocência, mas ganhei minha independência. Já não mais firmo uma opinião, um hábito ou um julgamento sobre outra pessoa. Testei o homem. É inconsistente.
[ ... ]
A violência fascina os seres moralmente mais fracos. Um tirano vence por seu gênio, mas seu sucessor será sempre um rematado canalha. Por esta razão, luto sem tréguas e apaixonadamente contra os sistemas dessa natureza, [ ... ]. Mas é a pessoa humana, livre, criadora e sensível que modela o belo e exalta o sublime, ao passo que as massas continuam arrastadas por uma dança infernal de imbecilidade e de embrutecimento.
A pior das instituições gregárias se intitula exército. Eu o odeio. Se um homem puder sentir qualquer prazer em desfilar aos sons de música, eu desprezo este homem ... Não merece um cérebro humano, já que a medula espinhal o satisfaz. Deveríamos fazer desaparecer o mais depressa possível este câncer da civilização. Detesto com todas as forças o heroísmo obrigatório, a violência gratuita e o nacionalismo débil. A guerra é a coisa mais desprezível que existe. Preferiria deixar-me assassinar a participar desta ignomínia.
No entanto, creio profundamente na humanidade. Sei que este câncer de há muito deveria ter sido extirpado. Mas o bom senso dos homens é sistematicamente corrompido. E os culpados são: escola, imprensa, mundo dos negócios, mundo político.
O mistério da vida me causa a mais forte emoção. É o sentimento que suscita a beleza e a verdade, cria a arte e a ciência. Se alguém não conhece esta sensação ou não pode mais experimentar espanto ou surpresa, já é um morto-vivo e seus olhos se cegaram. Aureolada de temor, é a realidade secreta do mistério que constitui também a religião. Homens reconhecem então algo de impenetrável a suas inteligências, conhecem porém as manifestações desta ordem suprema e da Beleza inalterável. Homens se confessam limitados e seu espírito não pode apreender esta perfeição. E este conhecimento e esta confissão tomam o nome de religião. Deste modo, mas somente deste modo, soa profundamente religioso, bem como esses homens. Não posso imaginar um Deus a recompensar e a castigar o objeto de sua criação. Não posso fazer idéia de um ser que sobreviva à morte do corpo. Se semelhantes idéias germinam em um espírito, para mim é ele um fraco, medroso e estupidamente egoísta.
Não me canso de contemplar o mistério da eternidade da vida. Tenho uma intuição da extraordinária construção do ser. Mesmo que o esforço para compreendê-lo fique sempre desproporcionado, vejo a Razão se manifestar na vida."
[ ... ]
Pouco importa em que lugar, em quinze dias, uma campanha da imprensa pode instigar uma população incapaz de julgamento a um tal grau de loucura, que os homens se prontificam a vestir a farda de soldado para matar e se deixarem matar. E seres maus realizam assim suas intenções desprezíveis. A dignidade da pessoa humana está irremediavelmente aviltada pela obrigação do serviço militar e nossa humanidade civilizada sofre hoje deste câncer. Por isso, os profetas, comentando este flagelo, não cessam de anunciar a queda iminente de nossa civilização. Não faço parte daqueles futurólogos do Apocalipse, porque creio em um futuro melhor e vou justificar minha esperança.
[ ... ]

RELIGIÃO E CIÊNCIA

Todas as ações e todas as imaginações humanas têm em vista satisfazer as necessidades dos homens e trazer lenitivo a suas dores. Recusar esta evidência é não compreender a vida do espírito e seu progresso. Porque experimentar e desejar constituem os impulsos primários do ser, antes mesmo de considerar a majestosa criação desejada. Sendo assim, que sentimentos e condicionamentos levaram os homens a pensamentos religiosos e os incitaram a crer, no sentido mais forte da palavra? Descubro logo que as raízes da idéia e da experiência religiosa se revelam múltiplas. No primitivo, por exemplo, o temor suscita representações religiosas para atenuar a angústia da fome, o medo das feras, das doenças e da morte. Neste momento da história da vida, a compreensão das relações causais mostra-se limitada e o espírito humano tem de inventar seres mais ou menos à sua imagem. Transfere para a vontade e o poder deles as experiências dolorosas e trágicas de seu destino. Acredita mesmo poder obter sentimentos propícios desses seres pela realização de ritos ou de sacrifícios. Porque a memória das gerações passadas lhe faz crer no poder propiciatório do rito para alcançar as boas graças de seres que ele próprio criou.
A religião é vivida antes de tudo como angústia. Não é inventada, mas essencialmente estruturada pela casta sacerdotal, que institui o papel de intermediário entre seres temíveis e o povo, fundando assim sua hegemonia. Com frequência o chefe, o monarca ou uma classe privilegiada, de acordo com os elementos de seu poder e para salvaguardar a soberania temporal, se arrogam as funções sacerdotais. Ou então, entre a casta política dominante e a casta sacerdotal se estabelece uma comunidade de interesses. Os sentimentos sociais constituem a segunda causa dos. fantasmas religiosos. Porque o pai, a mãe ou o chefe de imensos grupos humanos, todos enfim, são falíveis e mortais. Então a paixão do poder, do amor e da forma impele a imaginar um conceito moral ou social de Deus. Deus- Providência, ele preside ao destino, socorre, recompensa e castiga. Segundo a imaginação humana, esse Deus-Providência ama e favorece a tribo, a humanidade, a vida, consola na adversidade e no malogro, protege a alma dos mortos. É este o sentido da religião vivida de acordo com o conceito social ou moral de Deus. [ ... ]
[ ... ]
A condição dos homens seria lastimável se tivessem de ser domados pelo medo do castigo ou pela esperança de uma recompensa depois da morte.
[ ... ]
Poucos seres são capazes de dar bem claramente uma opinião diferente dos preconceitos de seu meio. A maioria é mesmo incapaz de chegar a formular tais opiniões.
[ ... ]
A maioria dos imbecis permanece invencível e satisfeita em qualquer circunstância. O terror provocado por sua tirania se dissipa simplesmente por sua distração e por sua inconsequência.
[ ... ]

* Grifos e supressões nossas.

Como Vejo o Mundo - Albert Einstein - Tradução de H. P. de Andrade

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

TJSP REAFIRMA QUE BENEFICIÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA TEM O DIREITO DE ESCOLHER O ADVOGADO.


O Tribunal de Justiça de São Paulo, através de voto proferido pelo desembargador José Luiz Palma Bisson, em Recurso de Agravo de Instrumento (nº 1001412-0/0 - 36ª Câmara) ajuizado contra despacho de um Magistrado da cidade de Marília (SP), que negou os benefícios da Justiça Gratuita a um menor, filho de um marceneiro que morreu depois de ser atropelado por uma motocicleta. O menor ajuizou uma ação de indenização contra o causador do acidente pedindo pensão de um salário mínimo mais danos morais decorrentes do falecimento do pai.
Por não ter condições financeiras para pagar custas do processo o menor pediu a gratuidade prevista na Lei 1060/50. O Juiz, no entanto, negou-lhe o direito dizendo não ter apresentado prova de pobreza e, também, por estar representado no processo por "advogado particular". A decisão proferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a partir do voto do Desembargador Palma Bisson é daquelas que merecem ser comentadas, guardadas e relidas diariamente por todos os que militam no Judiciário.
Segue a íntegra do voto:
"É o relatório. Que sorte a sua, menino, depois do azar de perder o pai e ter sido vitimado por um filho de coração duro - ou sem ele -, com o indeferimento da gratuidade que você perseguia. Um dedo de sorte apenas, é verdade, mas de sorte rara, que a loteria do distribuidor, perversa por natureza, não costuma proporcionar. Fez caber a mim, com efeito, filho de marceneiro como você, a missão de reavaliar a sua fortuna.
Aquela para mim maior, aliás, pelo meu pai - por Deus ainda vivente e trabalhador - legada, olha-me agora. É uma plaina manual feita por ele em paubrasil, e que, aparentemente enfeitando o meu gabinete de trabalho, a rigor diuturnamente avisa quem sou, de onde vim e com que cuidado extremo, cuidado de artesão marceneiro, devo tratar as pessoas que me vêm a julgamento disfarçados de autos processuais, tantos são os que nestes vêem apenas papel repetido. É uma plaina que faz lembrar, sobretudo, meus caros dias de menino, em que trabalhei com meu pai e tantos outros marceneiros como ele, derretendo cola coqueiro - que nem existe mais - num velho fogão a gravetos que nunca faltavam na oficina de marcenaria em que cresci; fogão cheiroso da queima da madeira e do pão com manteiga, ali tostado no paralelo da faina menina.
Desde esses dias, que você menino desafortunadamente não terá, eu hauri a certeza de que os marceneiros não são ricos não, de dinheiro ao menos. São os marceneiros nesta Terra até hoje, menino saiba, como aquele José, pai do menino Deus, que até o julgador singular deveria saber quem é.
O seu pai, menino, desses marceneiros era. Foi atropelado na volta a pé do trabalho, o que, nesses dias em que qualquer um é motorizado, já é sinal de pobreza bastante. E se tornava para descansar em casa posta no Conjunto Habitacional Monte Castelo, no castelo somente em nome habitava, sinal de pobreza exuberante.
Claro como a luz, igualmente, é o fato de que você, menino, no pedir pensão de apenas um salário mínimo, pede não mais que para comer. Logo, para quem quer e consegue ver nas aplainadas entrelinhas da sua vida, o que você nela tem de sobra, menino, é a fome não saciada dos pobres.
Por conseguinte um deles é, e não deixa de sê-lo, saiba mais uma vez, nem por estar contando com defensor particular. O ser filho de marceneiro me ensinou inclusive a não ver nesse detalhe um sinal de riqueza do cliente; antes e ao revés a nele divisar um gesto de pureza do causídico. Tantas, deveras, foram as causas pobres que patrocinei quando advogava, em troca quase sempre de nada, ou, em certa feita, como me lembro com a boca cheia dágua, de um prato de alvas balas de coco, verba honorária em riqueza jamais superada pelo lúdico e inesquecível prazer que me proporcionou.
Ademais, onde está escrito que pobre que se preza deve procurar somente os advogados dos pobres para defendê-lo? Quiçá no livro grosso dos preconceitos...
Enfim, menino, tudo isso é para dizer que você merece sim a gratuidade, em razão da pobreza que, no seu caso, grita a plenos pulmões para quem quer e consegue ouvir.
Fica este seu agravo de instrumento então provido; mantida fica, agora com ares de definitiva, a antecipação da tutela recursal. É como marceneiro que voto."
(Des. JOSÉ LUIZ PALMA BISSON -- Relator Sorteado)




Agravo de Instrumento 0084039-57.2005.8.26.0000
Relator(a): Palma Bisson
Comarca: Marília
Órgão julgador: 36ª Câmara do D.OITAVO Grupo (Ext. 2° TAC)
Data do julgamento: 19/01/2006
Data de registro: 30/01/2006
Outros números: 1001412000
Ementa: Agravo de instrumento - acidente de veículo - ação de indenização -decisão que nega os benefícios de gratuidade ao autor, por não ter provado que menino pobre é e por não ter peticionado por intermédio de advogado integrante do convênio OAB/PGE - inconformismo do demandante - faz jus aos benefícios da gratuidade de Justiça menino filho de marceneiro morto depois de atropelado na volta a pé do trabalho e que habitava castelo só de nome na periferia, sinais de evidente pobreza reforçados pelo fato de estar pedindo aquele uma pensão de comer, de apenas um salário mínimo, assim demonstrando, para quem quer e consegue ver nas aplainadas entrelinhas da sua vida, que o que nela tem de sobra é a fome não saciada dos pobres - a circunstância de estar a parte pobre contando com defensor particular, longe de constituir um sinal de riqueza capaz de abalar os de evidente pobreza, antes revela um gesto de pureza do causídico; ademais, onde está escrito que pobre que se preza deve procurar somente os advogados dos pobres para defendê-lo? Quiçá no livro grosso dos preconceitos... - recurso provido.



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

DEZ MANDAMENTOS PARA ESCREVER COM ESTILO – Friedrich Wilhelm Nietzsche


1º – O que mais importa é a vida: o estilo deve viver.

2º – O estilo deve ser apropriado à sua pessoa, em função de uma pessoa determinada para a qual se deseja comunicar seu pensamento.

3º – Antes de começar a escrever, deve-se saber exatamente como expressar de viva voz aquilo que se tem para dizer. Escrever deve ser apenas uma imitação.

4º – O escritor está longe de possuir todos os meios do orador. Deve, portanto, inspirar-se numa forma de discurso muito expressiva. Seu reflexo escrito parecerá de todos os modos muito mais apagado que seu modelo.

5º – A riqueza da vida se traduz pela riqueza dos gestos. Há de se aprender a considerar tudo como um gesto: a extensão e a pausa das frases, a pontuação, a respiração e também a escolha das palavras e a sucessão dos argumentos.

6º – Cuidado com o período muito extenso. Somente aqueles que ao falar têm a respiração muito longa têm direito a ele. Para a maior parte, o período é tão-só uma presunção.

7º – O estilo deve mostrar que o escritor acredita em seus pensamentos, não apenas que os pensa, mas que os sente.

8º – Quanto mais abstrata for a verdade que se quer ensinar, mais importante é fazer convergir até ela todos os sentidos do leitor.

9º – O tato do bom prosador na escolha de seus meios consiste em se aproximar da poesia até quase tocá-la, mas sem ultrapassar jamais o limite que a separa da prosa.

10º – Não é sensato nem hábil privar o leitor de suas refutações mais fáceis; é muito sensato e hábil, ao contrário, deixar-lhe o cuidado de formular ele mesmo a última palavra de nossa sabedoria.


N. B.: Texto traduzido da versão em castelhano por Hélton Cenci.

Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 - 1900)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O ANTICRISTO - Friedrich Wilhelm Nietzsche


Para a maioria das pessoas posso parecer um louco, um desvairado, um revoltado contra as regras deste imundo sistema a serem seguidas. Regras estas impostas de forma sanguinária e criminosa sobre a nossa sociedade. Também entendo ser esta uma luta quase solitária, pois a religião, esta praga, está encravada no seio da formação societária através dos séculos, está enraizada profundamente sendo quase impossível desenterrá-la para que, esta, seque e morra. A Igreja moldou nossa história a ferro e fogo e, hoje, sentimos ainda o peso de seus dogmas em nossas vidas.
Para quem está me entendendo, cito abaixo alguns trechos do livro de Friedrich Nietzsche "O Anticristo", um dos livros mais sensatos que tive o prazer em ler e compreender. Sem dúvida alguma, Nietzsche foi um dos maiores filósofos e psicólogos de todos os tempos.

Boa leitura!


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O ANTICRISTO

                                                   Friedrich Nietzsche



PREFÁCIO

Este livro pertence aos homens mais raros. Talvez nenhum deles sequer esteja vivo. É possível que se encontrem entre aqueles que compreendem o meu “Zaratustra”: como eu poderia misturar-me àqueles aos quais se presta ouvidos atualmente? – Somente os dias vindouros me pertencem. Alguns homens nascem póstumos.
As condições sob as quais sou compreendido, sob as quais sou necessariamente compreendido – conheço-as muito bem. Para suportar minha seriedade, minha paixão, é necessário possuir uma integridade intelectual levada aos limites extremos. Estar acostumado a viver no cimo das montanhas – e ver a imundície política e o nacionalismo abaixo de si. Ter se tornado indiferente; nunca perguntar se a verdade será útil ou prejudicial... Possuir uma inclinação – nascida da força – para questões que ninguém possui coragem de enfrentar; ousadia para o proibido; predestinação para o labirinto. Uma experiência de sete solidões. Ouvidos novos para música nova. Olhos novos para o mais distante. Uma consciência nova para verdades que até agora permaneceram mudas. E um desejo de economia em grande estilo – acumular sua força, seu entusiasmo... Auto-reverência, amor-próprio, absoluta liberdade para consigo...
Muito bem! Apenas esses são meus leitores, meus verdadeiros leitores, meus leitores predestinados: que importância tem o resto? – O resto é somente a humanidade. – É preciso tornar-se superior à humanidade em poder, em grandeza de alma – em desprezo...


I

– Olhemos-nos face a face. Somos hiperbóreos(1) – sabemos muito bem quão remota é nossa morada. “Nem por terra nem por mar encontrarás o caminho aos hiperbóreos”: mesmo Píndaro, em seus dias, sabia tanto sobre nós. Além do Norte, além do gelo, além da morte – nossa vida, nossa felicidade... Nós descobrimos essa felicidade; nós conhecemos o caminho; retiramos essa sabedoria dos milhares de anos no labirinto. Quem mais a descobriu? – O homem moderno? – “Eu não conheço nem a saída nem a entrada; sou tudo aquilo que não sabe nem sair nem entrar” – assim suspira o homem moderno... Esse é o tipo de modernidade que nos adoeceu – a paz indolente, o compromisso covarde, toda a virtuosa sujidade do moderno Sim e Não. Essa tolerância e largeur(2) de coração que tudo “perdoa” porque tudo “compreende” é um siroco(3) para nós. Antes viver no meio do gelo que entre virtudes modernas e outros ventos do sul!... Fomos bastante corajosos; não poupamos a nós mesmos nem os outros; mas levamos um longo tempo para descobrir aonde direcionar nossa coragem. Tornamo-nos tristes; nos chamaram de fatalistas. Nosso destino – ele era a plenitude, a tensão, o acumular de forças. Tínhamos sede de relâmpagos e grandes feitos; mantivemo-nos o mais longe possível da felicidade dos fracos, da “resignação”... Nosso ar era tempestuoso; nossa própria natureza tornou-se sombria – pois ainda não havíamos encontrado o caminho. A fórmula de nossa felicidade: um Sim, um Não, uma linha reta, uma meta...


II

O que é bom?Tudo que aumenta, no homem, a sensação de poder, a vontade de poder, o próprio poder.

O que é mau? Tudo que se origina da fraqueza.

O que é felicidade?A sensação de que o poder aumenta – de que uma resistência foi superada.

Não o contentamento, mas mais poder; não a paz a qualquer custo, mas a guerra; não a virtude, mas a eficiência (virtude no sentido da Renascença, virtu(4), virtude desvinculada de moralismos).
Os fracos e os malogrados devem perecer: primeiro princípio de nossa caridade. E realmente deve-se ajudá-los nisso.
O que é mais nocivo que qualquer vício? – A compaixão posta em prática em nome dos malogrados e dos fracos – O CRISTIANISMO...

1 – Os Gregos acreditavam que no extremo Norte da Terra vivia um povo que gozava de felicidade eterna, os hiperbóreos, que nunca guerreavam, adoeciam ou envelheciam. Sem a ajuda dos Deuses, seu território era inalcançável. (N. do T.)
2 – Grandeza.
3 – Vento asfixiante, quente e empoeirado originário de desertos. (N. do T.)
4 – “Vir”, em latim, significa “varão”, “homem”. Ou seja, “virtu”, neste “sentido da Renascença”, designa qualidades viris como força, bravura, vigor, coragem, e não humildade, compaixão, etc. (N. do T.)


[ ... ]


LEI CONTRA O CRISTIANISMO

Datada do dia da Salvação: primeiro dia do ano Um (em 30 de Setembro de 1888, pelo falso calendário).
Guerra de morte contra o vício: o vício é o cristianismo.

Artigo Primeiro – Qualquer espécie de antinatureza é vício. O tipo de homem mais vicioso é o padre: ele ensina a antinatureza. Contra o padre não há razões: há cadeia.

Artigo Segundo – Qualquer tipo de colaboração a um ofício divino é um atentado contra a moral pública. Seremos mais ríspidos com protestantes que com católicos, e mais ríspidos com os protestantes liberais que com os ortodoxos. Quanto mais próximo se está da ciência, maior o crime de ser cristão. Consequentemente, o maior dos criminosos é filósofo.

Artigo Terceiro – O local amaldiçoado onde o cristianismo chocou seus ovos de basilisco deve ser demolido e transformado no lugar mais infame da Terra, constituirá motivo de pavor para a posteridade. Lá devem ser criadas cobras venenosas.

Artigo Quarto – Pregar a castidade é uma incitação pública à antinatureza. Qualquer desprezo à vida sexual, qualquer tentativa de maculá-la através do conceito de “impureza” é o maior pecado contra o Espírito Santo da Vida.

Artigo Quinto – Comer na mesma mesa que um padre é proibido: quem o fizer será excomungado da sociedade honesta. O padre é o nosso chandala – ele será proscrito, lhe deixaremos morrer de fome, jogá-lo-emos em qualquer espécie de deserto.

Artigo Sexto – A história “sagrada” será chamada pelo nome que merece: história maldita; as palavras “Deus”, “salvador”, “redentor”, “santo” serão usadas como insultos, como alcunhas para criminosos.

Artigo Sétimo – O resto nasce a partir daqui.

Religião: A Praga dos tempos.


Por Edu Gomes
Fundador e editor do Cabeça de Blogger


Um caso que chocou milhões de pessoas de bem em todo o mundo. O caso da mulher iraniana que foi condenada à morte por apedrejamento devido ao adultério conforme previsto nas leis daquele país.
Os homens que cometem adultério são enterrados até a cintura e as mulheres até o peito. As pedras não podem ser muito grandes ao ponto de matar de imediato e nem tão pequenas ao ponto de não matar. Elas devem ter um tamanho calculado para gerar dor, muita dor e consequentemente a morte.
A multidão sedenta por sangue, se reúne em local público para presenciar um dos atos mais bárbaros que já vi. Multidão que com certeza é tão pecadora ou mais pecadora que o condenado.
Um ato sanguinário. Não podemos qualificar esses assassinos, em nome de seu próprio deus, de animais, pois isso seria uma ofensa aos pobres seres "teoricamente" irracionais.
Matar em nome de um deus. Que deus é esse que tem como doutrina a morte e o sacrifício de vidas? Esse é o deus da religião e não o deus do amor.
A cada dia que passa me convenço de que a religião é algo imundo. A religião foi inventada por demônios. A religião só serve para gerar indiferenças entre os homens. deus está acima de qualquer religião e de todos os homens.
Em nosso cotidiano é comum presenciarmos casos e mais casos de indiferenças, críticas e rotulações de seres que não têm uma religião ou que são de uma outra crença.
Pobres aqueles que acham que apenas sua presença aos domingos na missa é a salvação e a garantia de ingresso no reino dos céus. Muitas pessoas agem como se deus só nos olhasse dentro da igreja, e nas ruas mudam completamente os seus comportamentos.
O religião levou o homem bomba a explodir-se e explodir todos os inocentes ao seu redor. A religião levou o Bin Laden a jogar aviões lotados de gente inocente no World Trade Center. A religião faz com que nossos filhos cresçam encarando o próximo como ser inferior.
Deus não é uma luz. Jesus não foi um homem ou uma mulher. Jesus não foi branco e nem foi preto. Jesus foi (se é que realmente foi) apenas Jesus.
Não tenho medo de admitir que tenho dúvidas sobre as formas, sexo e jeito que provavelmente Jesus Cristo teve em sua provável existência. Para mim isso não importa. O mais relevante é a mensagem que foi deixada para toda a eternidade com o intuito de aproximar as raças e pregar a necessidade e relevância do amor ao próximo.
Quando pensamos em deus pensamos em uma luz, em um clarão. Olhe-se no espelho e lá verás deus. O bom filho, o bom pai, a boa mãe, o bom amigo, o bom irmão, a boa comida, a boa água. Tudo isso é deus.
Acredito que olhar para o céu é apenas algo cultural e folclórico, já que crescemos aprendendo que Deus mora lá. Mas do céu só cai chuva. Deus não está no céu. Deus é nada mais nada menos que o amor, respeito e harmonia entre os homens. Onde há paz, estará um deus.
Quanto mais forte a sua fé e quanto maior for o seu respeito ao o próximo, mais presente Ele estará em sua vida, sem a necessidade de religião.
Nenhum ser humano de carne e osso na terra pode julgar a mim ou a ti. Eu simplesmente não aceito ser julgado por seres semelhantes a mim. Se eu erro todos erram. Se for para morrer por erros, que morra a desumana raça humana inteira.
Ridiculamente fala-se em fim dos tempos ou fim do mundo. Quem espera pelo fim do mundo pode considerar-se um ser totalmente mal informado, imbecil, um doente fanático ...
Será que todas as barbaridades que assistimos diariamente na TV não são ótimos exemplos de fim do mundo? Será que apedrejar mulheres e homens por adultério não é o fim do mundo?
Enquanto vivermos em nosso conforto familiar saudável e feliz, talvez o fim do mundo seja algo impossível. Tudo isso graças a nossa habilidade natural de não sentir ou se importar com a vida alheia, um dos maiores dons adquiridos pela raça humana. Só sabemos que dói quando jogam as pedras em nossas cabeças.
Se tudo o que é dito na bíblia for um dia cumprido, eu tenho pena de mim mesmo e mais: tenho pena de vocês.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

DIFERENÇAS ...


- Vocês sabem qual a diferença entre o Diabo e um Ateu?
O Diabo crê em Deus ...

Direção Perigosa? Acalme-se.