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Espíritos Livres

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Militar do Exército Brasileiro formado pelo Escola de Saúde do Exército, Bacharel em Direito pela URCAMP, blogueiro, ATEU, livre pensador e filósofo por natureza. Procuro o equilíbrio através do conhecimento. “Pareceis inteligente de tal forma que, no dia em que errardes, sereis visto como irônico.”

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A Improbabilidade de Deus



O artigo seguinte foi retirado da revista Free Inquiry, Volume 18, Número 3.
Escrito por Richard Dawkins

Tradução: Marcos Joel


Muito do que as pessoas fazem é em nome de Deus. Os irlandeses mandam-se uns aos outros pelo ar em nome de Deus. Os árabes mandam-se a si próprios pelo ar em nome de Deus. Os imãs e os aiatolás oprimem as mulheres em nome de Deus. Os papas e os padres celibatários destroçam a vida sexual das pessoas em nome de Deus. Os shohets(1) judeus cortam a garganta de animais vivos em nome de Deus. As proezas da religião no passado ― cruzadas sangrentas, inquisições que praticavam a tortura, conquistadores que assassinavam em massa, missionários que destruiam culturas, resistência reforçada legalmente e até ao último momento possível a cada nova verdade científica ― são ainda mais impressionantes. E tudo isto para quê? Creio que se torna cada vez mais claro que a resposta é absolutamente para nada. Não há nenhuma razão para que acreditemos que existam quaisquer espécies de deuses e há muitas boas razões para que acreditemos que não existem e nunca existiram. Foi tudo um gigantesco desperdício de tempo e de vida. Seria uma anedota de proporções cósmicas se não fosse tão trágico.
Porque é que as pessoas acreditam em Deus? Para a maior parte das pessoas a resposta é ainda uma qualquer versão do antigo Argumento do Desígnio(2). Olhamos em volta para a beleza e complexidade do mundo ― para o movimento aerodinâmico de uma asa de andorinha, para a delicadeza das flores e das borboletas que as fertilizam; através de um microscópio para a vida fervilhante em cada gota d'água de uma lagoa; através de um telescópio para a copa de uma sequóia gigante. Refletimos na complexidade eletrônica e na perfeição óptica dos nossos olhos que vêem tudo isto. Se temos alguma imaginação, estas coisas leva-nos a um sentimento de temor e reverência. Além disso, não podemos deixar de nos impressionar com a semelhança óbvia dos órgãos vivos com os projetos cuidadosamente planeados dos engenheiros humanos. A expressão mais famosa deste argumento é a analogia do relojoeiro de William Paley, padre do século XVII. Mesmo que não soubéssemos o que é um relógio, o caráter obviamente concebido dos seus dentes e molas e de como engrenam uns nos outros para um propósito, forçar-nos-ia a concluir "que o relógio teve de ter um autor: que teve de ter existido, nalguma altura, num lugar ou noutro, um artífice ou artífices, que o concebeu com o propósito a que o vemos agora responder; que compreendeu a sua construção e concebeu o seu uso." Se isto é verdade pare um relógio relativamente simples, não é muito mais verdade do olho, do ouvido, do rim, da articulação do cotovelo e do cérebro? Estas belas, complexas e intrincadas estruturas, que foram evidentemente construídas com um propósito, tiveram de ter o seu próprio autor, o seu próprio relojoeiro ― Deus.
Tal é o argumento de Paley, e é um argumento que praticamente todas as pessoas que refletem e têm sensibilidade descobrem por elas próprias em certa altura da sua infância. Durante a maior parte da história deve ter parecido absolutamente convincente e de uma verdade auto-evidente. E contudo, como resultado de uma das mais espantosas revoluções intelectuais da história, sabemos agora que é errado ou pelo menos supérfluo. Sabemos que a ordem e a aparente intencionalidade do mundo vivo aconteceu por intermédio de um processo completamente diferente, um processo que funciona sem a necessidade de qualquer autor e que é uma consequência de leis físicas basicamente muito simples. Este é o processo de evolução por seleção natural, descoberto por Charles Darwin e, independentemente, por Alfred Russel Wallace.
O que têm em comum todos os objetos que parecem ter tido um mesmo autor? A resposta é improbabilidade estatística. Se encontramos um seixo transparente a que o mar deu a forma de uma lente imperfeita, não concluímos que teve de ser concebido por um oculista: as leis da física por si sós são capazes de alcançar este resultado; não é muito improvável que tenha meramente "acontecido". Mas se encontramos uma lente composta trabalhada, cuidadosamente corrigida contra a aberração esférica e cromática, revestida contra o brilho e com "Carl Zeiss"(3) gravado no rebordo, sabemos que não poderia ter acontecido meramente por acaso. Se pegarmos todos os átomos de uma tal lente composta e os lançarmos juntos ao acaso sob a impulsionante influência das leis comuns da física na natureza é "teoricamente" possível que, por puro acaso, os átomos se agrupem segundo o padrão da lente composta da Zeiss e até que os átomos ao redor da orla se agrupem de modo a que o nome Carl Zeiss seja gravado. Mas o número de outras formas segundo as quais os átomos poderiam, com idêntica probabilidade, ter-se agrupado é tão extremamente, imensamente, incomensuravelmente elevado, que podemos pôr completamente de lado a hipótese do acaso. Como explicação o acaso está fora de questão.
A propósito, este argumento não é circular. Pode parecer circular porque, depois da ocorrência, podemos dizer que qualquer organização particular de átomos é muito improvável. Como alguém já disse, quando uma bola cai num determinado pedaço de gramado em um campo de golfo, seria loucura exclamar: "De todos os bilhões de pedaços de gramado em que a bola poderia ter caído, caiu exatamente neste. Quão admiravelmente e miraculosamente improvável!" Claro que a falácia aqui é que a bola tinha de cair em algum lugar. Só podemos ficar admirados com a improbabilidade do acontecimento real se o determinarmos a priori: por exemplo, se um homem de olhos vendados girasse sobre si no tee(4) e acertasse na bola ao acaso conseguindo um hole in one(5). Isso seria verdadeiramente espantoso, porque o futuro da bola tinha sido estabelecido previamente.
De todas as trilhões de formas diferentes de juntar os átomos de um telescópio, apenas uma minoria poderia na realidade funcionar de forma útil. Apenas uma pequena minoria teria Carl Zeiss gravado ou, na verdade, quaisquer palavras reconhecíveis de qualquer linguagem humana. O mesmo é verdade para as partes de um relógio: de todos os bilhões de modos possíveis de os juntar, apenas uma pequena minoria dirão as horas ou farão qualquer coisa útil. E, claro, o mesmo é verdade, a fortiori(6), para as partes dos corpos vivos. De todos os trilhões de trilhões de modos de juntar as partes de um corpo, apenas uma minoria infinitesimal viverão, procurarão comida, comerão e se reproduzirão. É verdade que há muitas formas diferentes de estar vivo ― pelo menos dez milhões de formas diferentes, se contarmos o número de espécies diferentes que estão atualmente vivas ― mas, por mais formas de estar vivo que possam existir, de certeza que há muito mais de estar morto!
Podemos com segurança concluir que os corpos vivos são bilhões de vezes muito complicados ― muitíssimo estatisticamente improváveis ― para terem surgido por puro acaso. Como é que surgiram, então? A resposta é que o acaso entra na história, mas não um único e exclusivo ato de acaso. Em vez disso, toda uma série de pequenos passos ocasionais, cada um suficientemente pequeno para ser um resultado credível do seu predecessor, ocorreram uns atrás dos outros em sequência. Estes pequenos passos do acaso são causados por mutações genéticas, mudanças fortuitas ― erros de fato ― no material genético. Originam mudanças na estrutura corporal existente. A maior parte dessas mudanças são perniciosas e levam à morte. Uma minoria revelam-se pequenas melhorias, que conduzem a um aumento da sobrevivência e da reprodução. Por este processo de seleção natural, as mudanças ao acaso que se revelam no fim de contas benéficas espalham-se pela espécie e tornam-se a norma. O cenário está agora montado para a próxima pequena mudança no processo evolutivo. Depois de, digamos, um milhar destas pequenas mudanças em série, cada mudança fornecendo a base para a próxima, o resultado final tornou-se, por um processo de acumulação, demasiado complexo para ter surgido num único ato de acaso.
Por exemplo, é teoricamente possível que um olho se forme do nada, num único passo de acaso: digamos que a partir da pele nua. É teoricamente possível no sentido em que poderíamos escrever uma receita com a forma de um grande número de mutações. Se todas estas mutações acontecessem simultaneamente, poderia mesmo surgir do nada um olho completo. Mas embora seja teoricamente possível, é na prática inconcebível. A quantidade de acaso que envolve é demasiada. A receita "correta" envolve mudanças num enorme número de genes simultaneamente. A receita correta é uma combinação particular de mudanças em trilhões de combinações de acasos igualmente prováveis. Podemos certamente excluir uma tal miraculosa coincidência. Mas isto é perfeitamente plausível que o olho moderno se tenha formado a partir de algo que fosse quase igual ao olho moderno mas não exatamente igual: um olho ligeiramente menos elaborado. Pelo mesmo argumento, este olho ligeiramente menos elaborado formou-se a partir de um ainda menos elaborado, etc. Se assumirmos um número suficientemente grande de pequenas diferenças entre cada estágio evolutivo e o seu predecessor, somos capazes de derivar um olho completo, complexo, a funcionar, a partir apenas da pele. Quantos estágios intermediários podemos registrar? Isso depende do tempo de que dispusermos. Houve tempo suficiente para os olhos evoluírem por pequenos passos a partir do nada?
Os fósseis dizem-nos que a vida evoluiu na Terra há mais de 3.000 milhões de anos. Para a mente humana é quase impossível apreender tal imensidão temporal. Nós, natural e felizmente, tendemos a ver a nossa própria expectativa de vida como razoavelmente longa, mas não podemos esperar viver nem sequer um século. Passaram 2.000 anos desde que Jesus viveu, tempo suficiente para desfocar a distinção entre história e mito. Podemos imaginar um milhão de períodos desses colocados lado a lado? Suponhamos que queremos escrever toda a história num longo e único livro. Se amontoássemos toda a história da Era Comum numa parte do livro, que tamanho teria a parte do livro da Era pré-Comum até ao começo da evolução? A resposta é que a parte do livro da Era pré-Comum estender-se-ia de Milão a Moscovo. Pensemos nas implicações disto para a quantidade de mudanças evolutivas que podem ser incluídas. Todos as raças de cães domésticos ― pequineses, poodles, spaniels, São Bernardos e chihuahuas ― provieram de lobos num espaço de tempo medido em centenas ou no máximo milhares de anos: não mais que dois metros ao longo da estrada de Milão para Moscovo. Pensemos na quantidade de mudança envolvida na passagem de lobo a pequinês; agora multipliquemos essa quantidade de mudança por um milhão. Quando olhamos para isto dessa maneira, torna-se fácil acreditar que um olho pode ter evoluído por pequenos passos a partir do nada.
É preciso ainda convencermo-nos de que cada um dos mediadores na rota da evolução, digamos da mera pele para um olho moderno, teria sido favorecido pela seleção natural; teria sido um progresso em relação ao seu predecessor na sequência ou pelo menos teria sobrevivido. Não serviria de nada provarmos a nós mesmos que existe teoricamente uma cadeia de mediadores quase perceptivelmente diferentes levando a um olho se muitos desses mediadores tivessem morrido. Afirma-se às vezes que as partes de um olho têm de estar todas reunidas ou o olho não funcionará. Metade de um olho, diz o argumento, não é melhor que nenhum olho. Não podemos voar com metade de uma asa; não podemos ouvir com metade de um ouvido. Portanto, não pode ter existido uma série de passos intermédios conduzindo ao olho, asa ou ouvido modernos.
Este tipo de argumento é tão ingênuo que podemos apenas perguntar-nos quais os motivos subconscientes para acreditar nele. É obviamente falso que meio olho seja inútil. As pessoas que sofrem de cataratas a quem removeram cirurgicamente os cristalinos não podem ver muito bem sem óculos, mas ainda assim estão muito melhor do que as pessoas que não têm quaisquer olhos. Sem o cristalino não é possível focar uma imagem detalhada, mas é possível evitar chocar com obstáculos e seria possível detectar a sombra vaga de um predador.
Quanto ao argumento segundo o qual não podemos voar com apenas metade de uma asa, é refutado por um grande número de animais planadores bem sucedidos, incluindo mamíferos de gêneros muito diferentes, lagartos, rãs, cobras e lulas. Muitos gêneros diferentes de animais que vivem nas árvores têm camadas de pele entre as suas articulações que são de fato asas fracionadas. Se você cair de uma árvore, qualquer pele extra ou alisamento do corpo que aumente a sua área de superfície pode salvar-lhe a vida. E, por muito pequenas ou grandes que as suas abas de pele possam ser, haverá sempre uma altura crítica tal que, se você cair de uma árvore dessa altura, a sua vida poderia ter sido salva por precisamente um pouco mais de área de superfície. Portanto, quando os nossos descendentes desenvolverem essa área de superfície extra, as suas vidas serão salvas precisamente por um pouco mais, mesmo que caiam de árvores de uma altura ligeiramente maior. E assim sucessivamente, por passos imperceptivelmente graduados até que, centenas de gerações depois, chegamos a asas completas.
Os olhos e as asas não podem surgir num passo único. Isso seria como ter a sorte quase infinita de acertar na combinação que abre a caixa-forte de um grande banco. Mas se girarmos os discos da fechadura ao acaso e, de cada vez que nos aproximarmos um pouco mais do número da sorte, a porta da caixa-forte rangendo abrir outra ranhura, em breve teremos a porta aberta! Na essência, é esse o segredo de como a evolução por seleção natural realiza o que pareceu impossível. Coisas que não podem plausivelmente ser derivadas de predecessores muito diferentes podem muito bem serem derivadas de predecessores apenas parecidos. Contanto que haja uma série suficientemente longa de predecessores ligeiramente diferentes, podemos derivar qualquer coisa de qualquer outra coisa.
Portanto, a evolução é teoricamente capaz de fazer o trabalho que antigamente parecia ser uma prerrogativa de Deus. Mas há alguma prova de que a evolução tenha de fato acontecido? A resposta é sim; a prova é esmagadora. Milhões de fósseis encontram-se nos lugares e à profundidade exata a que devemos esperar que estejam se a evolução aconteceu. Nem um único fóssil foi alguma vez encontrado num local em que a teoria da evolução não previsse que estivesse, embora isto pudesse ter acontecido com muita facilidade: um fóssil de um mamífero tão antigo que os peixes ainda não existissem, por exemplo, seria suficiente para refutar a teoria da evolução.
Os padrões de distribuição dos animais e das plantas pelos continentes e ilhas do mundo são exatamente os que seriam de esperar que fossem se eles tivessem evoluído de antepassados comuns a passos lentos e graduais. Os padrões de semelhança entre animais e plantas são exatamente o que esperaríamos se alguns fossem entre si primos próximos, e outros mais distantes. O fato do código genético ser o mesmo em todas as criaturas vivas sugere esmagadoramente que todas descendem de um único antepassado. As provas a favor da evolução são tão conclusivas que a única forma de salvar a teoria da criação é assumir que Deus deliberadamente colocou enormes quantidades de provas para fazer com que parecesse que a evolução ocorreu. Por outras palavras, os fósseis, a distribuição geográfica dos animais e tudo isso, são todos uma emorme anedota. Alguém quer adorar um Deus capaz de tal embuste? É certamente muito mais respeitoso, assim como mais sensato do ponto de vista científico, tomar as provas pelo seu valor facial. Todas as criaturas vivas são primas umas das outras, descendem de um antepassado remoto que viveu há mais do que 3.000 milhões de anos.
Por conseguinte, o Argumento do Desígnio foi destruído como razão para acreditar em Deus. Existem outros argumentos? Algumas pessoas acreditam em Deus por causa do que sentem ser uma revelação interior. Tais revelações nem sempre são edificantes mas para a pessoa em questão são sem dúvida sentidas como reais. Muitos habitantes de hospícios têm uma fé inabalável em que são Napoleão ou, na verdade, o próprio Deus. Não há dúvida do poder de tais convicções para quem acredita nelas, mas isto não é razão para que o resto de nós acredite. Na verdade, uma vez que essas crenças são mutuamente contraditórias, não podemos acreditar nelas.
É preciso dizer um pouco mais. A evolução por seleção natural explica muitas coisas, mas não poderia ter começado do nada. Não poderia ter começado sem que houvesse algum gênero de reprodução e de hereditariedade. A hereditariedade moderna baseia-se no código de DNA, que é ele mesmo demasiado complicado para ter surgido espontaneamente por um único ato do acaso. Isto parece significar que teve de existir algum sistema hereditário anterior, agora desaparecido, que era suficientemente simples para ter surgido por acaso e pelas leis da química e que forneceu o meio no qual uma forma primitiva de seleção natural cumulativa pôde começar. O DNA foi um produto posterior desta seleção primitiva e cumulativa. Antes deste gênero original de seleção natural, houve um período em que foram construídos compostos químicos complexos a partir de compostos químicos mais simples e antes desse um período em que os elementos químicos foram feitos a partir de elementos mais simples, seguindo leis físicas bem compreendidas. Antes disso, em última instância foi tudo construído de hidrogênio puro no imediato seguimento do big bang que iniciou o universo.
Há a tentação de defender que, embora Deus possa não ser necessário para explicar a evolução da ordem complexa uma vez que o universo, com as suas leis fundamentais da física, tenha começado, precisamos de um Deus para explicar a origem de todas as coisas. Esta ideia não deixa Deus com muito o que fazer: somente iniciar o big bang, e em seguida sentar-se e esperar que tudo aconteça. O físico-químico Peter Atkins, no seu livro maravilhosamente escrito, The Creation (A Criação), postula um Deus preguiçoso que se esforçou por fazer tão pouco quanto possível para iniciar tudo. Atkins explica como cada passo na história do universo seguiu, por simples lei física, o seu predecessor. Reduziu assim a quantidade de trabalho que o criador preguiçoso precisaria fazer e no fim de contas concluiu que de fato não precisaria fazer nada!
Os detalhes da fase inicial do universo pertencem ao reino da física e eu sou biólogo, mais interessado nas últimas fases da evolução em complexidade. Para mim, o ponto importante é que, mesmo se o físico precisa postular um mínimo irredutível que teve de estar presente no começo, para que o universo começasse, esse mínimo irredutível é certamente extremamente simples. Por definição, as explicações construídas sobre premissas simples são mais plausíveis e mais satisfatórias do que as explicações que têm de postular começos complexos e estatisticamente improváveis. E dificilmente poderemos encontrar algo mais complexo do que um Deus Todo-Poderoso!

Richard Dawkins é Professor em Oxford de Compreensão Pública da Ciência. É o autor de O Relojoeiro Cego (no qual este artigo se baseia em parte) e A Escalada do Monte Improvável. Ele é editor sênior do Free Inquiry.

Notas do tradutor:
1 – Shohet: rabino habilitado a abater animais segundo os rituais kasher.
2 - O argumento do desígnio é um dos argumentos mais usados pelos teístas para defender a existência de Deus. De acordo com este argumento, o modo regular, ordenado e complexo como o universo está organizado revelam o desígnio de um ser divino criador do universo.
3 - Carl Zeiss (Weimar, 11 de setembro de 1816 — Jena, 3 de dezembro de 1888) foi um inventor alemão na área da óptica.
4 - Um tee (T) é um suporte utilizado para suportar uma bola parada para que o jogador pode golpeá-lo, especialmente no golfe, tee ball, futebol americano e rugby. Refere-se também a área em que o artefato é colocado.
5 - Hole in one é a jogada na qual o golfista acerta a bola no buraco com apenas uma tacada.
6 - A fortiori é o início de uma expressão latina - a fortiori ratione - que significa "por causa de uma razão mais forte", ou seja, "com muito mais razão". Indica que uma conclusão deverá ser necessariamente aceite, já que ela é logicamente muito mais verdadeira que outra que já o foi anteriormente.

Disponível em: <http://www.secularhumanism.org/library/fi/dawkins_18_3.html> Acesso em 06 janeiro 2012.

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