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O blog para você ler, refletir, questionar e debater
o que a sociedade impõe como verdade absoluta.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
[...]
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
[...]
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
“ A ignorância é preferível ao erro, e está menos afastado da verdade aquele que não acredita em nada do que aquele que acredita em algo errado.” (Thomas Jefferson)
Militar do Exército Brasileiro formado pelo Escola de Saúde do Exército, Bacharel em Direito pela URCAMP, blogueiro, ATEU, livre pensador e filósofo por natureza. Procuro o equilíbrio através do conhecimento.
“Pareceis inteligente de tal forma que, no dia em que errardes, sereis visto como irônico.”
Um advogado foi surpreendido por uma blitz em alta velocidade. O guarda chegou para ele e disse:
- Por favor, posso ver sua habilitação?
- Não tenho, ela foi caçada na última blitz por eu ter estourado os pontos permitidos.
- Você não tem habilitação? Então me deixe ver o documento de propriedade do veículo.
- Não o tenho, o carro é roubado.
- Como é que é? O carro é roubado?
- Aliás, pensando melhor, quando fui guardar a arma no porta-luvas, lembro-me de ter visto uma pasta que acredito ser os documentos do carro sim.
- Você tem uma arma em seu porta-luvas?
- Claro, meu amigo. Tive que matar a dona do carro e jogar o corpo no porta-malas; afinal, se não houvesse violência seria um furto e não um roubo.
O guarda desesperado disse ao advogado:
- Aguarde um minuto por favor.
Nisto chamou o Capitão pelo rádio, relatando todos os detalhes. O Capitão enviou vários policiais em reforço ao local, os quais ao chegarem cercaram o carro e com suas armas em punho, exigiram que ele descesse do carro.
Nisso, chega o Capitão ao advogado e diz:
- Posso ver sua habilitação?
- Claro, aqui está, diz o Advogado, entregando-a ao Capitão.
- O veículo é seu?
- Sim, Senhor. Aqui estão os documentos.
- Por gentileza, abra seu porta-luvas lentamente.
O advogado abriu o porta-luvas, que estava vazio.
O capitão então pediu que ele abrisse o porta-malas do veículo, no que também foi prontamente atendido, onde se averiguou também estar vazio.
Então o Capitão, indignado, disse ao Advogado:
- Eu não entendo, o guarda que o abordou chegou para mim e disse que o Senhor não tinha habilitação, que o carro era roubado, que o Senhor estava armado e que havia um corpo no seu porta-malas...
No que diz o advogado, com cara de espanto:
- Olha que mentiroso, aposto que disse também que estava trafegando em excesso de velocidade!
“Pedro(*) foi um pessoa muito pobre quando criança e na sua adolescência. Nasceu em uma família paupérrima junto com mais três irmãos. Seus pais não haviam concluso, nem ao menos, metade do ensino fundamental e tudo o que aprenderam foi com o que a vida lhes apresentou. Seus únicos desafios eram manter o sustento da família e os vícios do patriarca. Seu pai era alcoólatra e violento. Após o divórcio deles, teve uma vida de muito trabalho, sofrimento e privações. Deixou seus estudos para dedicar-se ao trabalho com o intuito de ajudar sua mãe e irmãos a se manterem. Cresceu com amigos inseparáveis e, mesmo com muitas abstenções materiais, ainda assim, teve momentos bons e felizes em sua, até então, simplória vida. Apesar disso tinha ele sonhos, mas, por mais que trabalhasse, por mais que se esforçasse, suas aspirações continuavam sendo … sonhos.
Mas Pedro não esmoreceu. Após atingir a maioridade resolveu voltar aos estudos, pois desejava vencer na vida. Fora o apoio familiar, foi desmotivado a investir em cursos intensivos preparatórios para concurso público federal pelos seus amigos, até então, inseparáveis. Afirmavam que era perda de tempo, pois era mais fácil ganhar um prêmio na loteria a alcançar o cargo público almejado. A persistência mostrou o contrário. Hoje, Pedro já completou mais de dez anos de efetivo serviço em seu tão almejado cargo público. Conquistou sua tão sonhada casa própria, constituiu família e tem uma vida confortável. Atualmente cursando nível superior e língua estrangeira, lança-se a novos e mais altos desafios: deseja agora fazer algo bom pelos outros, algo de melhor para a sociedade.
Quanto aos seus 'amigos' do passado, continuam os mesmos: 'sonhando', reclamando do emprego, do seu chefe, do governo, da saúde, do salário, da vida. Literalmente, pararam no tempo. Não bastasse, o culpam demasiadamente de ter se tornado um snobe, um arrogante, alguém que mostra superioridade, um excêntrico."
Se você identificou-se com o exemplo, você não está sozinho. Pode-se sustentar que centenas de pessoas encontram-se hoje nesta mesma situação.
Regra geral, o ser humano acomoda-se com muita facilidade. Se um indivíduo consegue adquirir à força do trabalho um teto para morar, o sustento basilar, uma roupa da moda e um sobejo para supérfluos e outras quinquilharias, entende-se que este chegou ao seu auge, ao ápice de sua capacidade laboral. Seu sonho é aposentar-se o mais cedo possível ou, caso consiga, encostar-se pelo INSS, de modo a perpetuar o ato no tempo. Cultura e conhecimento não fazem parte de seu vocabulário. Ao defrontarem-se com alguém que conseguiu ser bem sucedido, afirmam que este teve sorte na vida, que já nasceu rico ou que é um “baita de um sem-vergonha e malandro”. A vida e o mundo não prestam. Os ricos não valem nada e, para com os pobres, Deus não foi justo ou é sua sina viver de forma desafortunada.
Aos que que sonharam, batalharam e chegaram, ou estão atingindo a meta que haviam proposto para si próprios, a visão da vida torna-se totalmente diferente. Ela tem cheiro e gosto de vitória. A cada degrau ascendido é uma benesse concedida por Deus. Parece que tudo em sua existência dá certo: têm e mantêm uma vida confortável, possuem casa própria, carro, conhecem pessoas bem sucedidas, possuem um nível sócio-cultural razoável, etc. Mostram-se sempre seguros e, geralmente, estão à frente de eventos importantes sobre assuntos sociais. Parecem sempre estar felizes.
O crescimento e o amadurecimento humano não são marcados por fatores predestinados por um ente superior metafísico. São marcados pela escolha personalíssima feita por cada um de nós frente a várias circunstâncias que a vida nos oferta. A vontade de Deus ou do Diabo são tão insignificantes quanto o desejo da mula-sem-cabeça em interferir no seu livre-arbítrio. Mas isto somente é reconhecido e compreendido por pessoas já maturadas. Por suas opções em seguir o caminho do desenvolvimento intelectual e humano, seja por uma vida melhor, seja pelo auto-conhecimento, tais pessoas deixam para trás personagens queridos de seu convívio íntimo. Pessoas que fizeram parte de suas vidas, que foram amigos, colegas de escola, cursinho, companheiros de trabalho; a quase totalidade fica pelo caminho afora.
No decorrer da obstinada escalada empreendida por pessoas focadas em um objetivo, o espaço o qual se coloca como óbice dos outros, que por opção - pois sua vida reflete hoje a decisão tomada em seu passado; pode-se comparar a um imenso abismo interposto entre ambos. As diferenças são manifestas. Aos que ficaram inertes, resta a impressão e a sensação de estarem frente a um ser de outro planeta, pois ambos, de fato, já não falam a mesma linguagem. Seus ideais e objetivos são diferentes, suas posturas frente ao mesmo fato não mais combinam. A ignorância resta explícita e a culpa da tal mudança recai sobre os ombros de quem decidiu mudar sua vida, mudar os fatos, vencer.
Contudo, salienta-se, não se culpe. A realidade mostra-se flagrante, pois a compreensão de tais atos não partirá da parte ociosa, mas do seu revés. Tente compreender que foi você quem mudou. Você até pode afirmar que não, que no seu íntimo, em seus pensamentos ou seus atos, não transpareceu mudança significativa. Mas, acredite, você mudou. Imagine então dois amigos, ambos com portes físicos parecidos, que não se encontram há mais dez anos. Um deles fez exercícios físicos diariamente com a finalidade de ganho de massa muscular e o outro somente jogou a sua bolinha em finais de semana esporádicos. Ao se reencontrarem, este verá que seu amigo mudou drasticamente sua aparência por ter se exercitado muito, estando agora musculoso. O outro, por mais que seja apontado suas mudanças, por ter ele sentido gradativamente em seu corpo tal metamorfose, irá afirmar que quase não sofreu alteração significativa. O mesmo acontece com quem optou pela mudança de atitudes em sua vida. Com a conscientização e a meta de progresso cultural atingida, será este realmente diferente perante a sociedade. Será um ser evoluído.
Mas, reforça-se, não se puna por isto. Não foi você que ficou indiferente frente a cada situação a qual teve de se adaptar. Foram os outros, que, por vontade própria, por seu livre arbítrio, fizeram-se mandriões. O fato é que, ao deixar de frequentar certo grupo social e, ascender por próprio merecimento a outro, você não irá ser compreendido pelo círculo que sofreu a perda. Alguns poucos poderão reconhecer seu mérito, mas a maioria esmagadora irá lhe taxar de snobe e arrogante, que o dinheiro ou o sucesso lhe "subiu à cabeça ". Não se desalente. Compreenda que você não pode exigir o mesmo discernimento de um fato concreto de alguém que se manteve desatualizado, se manteve retrógrado por opção, por ser conveniente a ele, por ser mais prático para sua simplória vida, por ser muito mais fácil para si, como seria a alguém com qualidades similares as suas em que prepondera a justa consideração.
Também não sinta dó, não sinta compaixão por quem preferiu a inatividade ao conhecimento gradativo e continuado. Não se adentra ao mérito de uma decisão personalíssima tomada, pois somente quem a concretizou é que pode responder o motivo pelo qual esta se materializou. Pode-se afirmar que cada um ocupa a posição social que exatamente deseja e encontra-se onde merece devidamente estar, pois assim o pretendeu e o aplicou por seus pensamentos e a realização de suas ações. Mesmo nas várias camadas ou níveis sociais, hoje conhecidos, sobressair-se-ão personagens que irão compor o próximo grupo, deixando aqueles que, por algum motivo, desistiram de perseguir o algo a mais em suas vidas.
Conforme nos ensina Abraham Maslow, eminente psicólogo americano, o ser humano se distingue por diferentes etapas acossadas e conquistadas em sua existência. Divide ele, em uma pirâmide ficta, os cinco estágios pelo qual a evolução pessoal pode passar. A base da pirâmide é preenchida por pessoas pelas quais lutam por necessidades fisiológicas fundamentais, tais como: fome, sede, sono, sexo, excreção, abrigo. Na segunda etapa encontram-se as que perseguem necessidades de segurança, que vão do simples ato de sentir-se seguro dentro de uma casa às formas mais elaboradas de segurança: como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida. Na terceira, as que sentem necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos, tais como, os de pertencer a um grupo social ou fazer parte de um clube. No quarto estágio, deparam-se com necessidades de estima que passam por duas vertentes: o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos. Por fim, ao topo, vêem-se seres com necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser: What humans can be, they must be. They must be true to their own nature! ("O que os humanos podem ser, eles devem ser. Devem ser verdadeiros com a sua própria natureza!"). É neste último patamar da pirâmide que Maslow considera que a pessoa tem que ser coerente com aquilo que é na realidade, afirma: "temos de ser tudo o que somos capazes de ser, desenvolver os nossos potenciais ".
Em vista disso, deve-se observar que a grande maioria não se afasta do terceiro estágio da evolução humana por medo, receio, comodismo ou por mera e simples vontade de não progressão. São poucos os que avançam as duas últimas etapas e raríssimo são os que à extremidade chegam.
Contrariando Friedrich Wilhelm Nietzsche, os que alcançaram o topo da pirâmide não nasceram póstumos nem estão à frente de seu tempo, mas sim, estão acima dos que não quiseram galgar até seu apogeu. Estando criaturas humanas em níveis diferentes, haverá compreensão e interpretação diferente sobre o mesmo fato. Não se está afirmando aqui que pobreza deixa alguém menos digno ou menos inteligente. É claro que a inexistência de poder aquisitivo reflete sobre as ações que aquela pessoa pode ou não tomar. Dificulta em demasia seu progresso e sua educação. Agora, pobreza não é vergonha. Pobreza é apenas um estado momentâneo que encontra-se o indivíduo. Se, realmente, almeja-se mudança, será ela deixada para trás por pura perseverança. Existem muitos personagens que ocupam posições elevadas e privilegiadas em nossa sociedade e que são demasiadamente ignorantes, inéptas, hipócritas e que possuem, em tese, alto nível intelectual, mas não sabem fazer uso correto de suas habilidades. O que não se pode confundir é pobreza com humildade. A mídia em peso insiste no uso de humilde como sinônimo de pobre. Humildade é um estado de ânimo, é compreensão que alguém pode ter de que, não fazendo domínio sobre determinado assunto, faz-se necessário o reconhecimento da superioridade do outro. É a capacidade de reconhecer onde se está errando. É o agir com deferência.
O mérito desta exposição também não é o tamanho, a quantidade do poder aquisitivo alcançado ou por ser futuramente conquistado. Mas o esforço acometido para alcançar o que se deseja. O sucesso é apenas o resultado. Pode-se afirmar que existem três formas de alcançar o fim cobiçado: 1º) nascendo em “berço de ouro”, 2º) sendo sorteado em por algum grande prêmio lotérico ou 3º) com muito investimento na educação. Como a quase totalidade não teve a sorte de ser enquadrada nos dois primeiros, somente resta o estudo. Neste quesito, a regra geral é sempre muito bem aplicada. O mais conveniente é o que será aplicado por ser menos custoso a ser empregado.
Parafraseando Martin Luter King, compreenda você, que se identificou de certa forma com Pedro, a devida importância de seu avanço intelectual, de seu amadurecimento como pessoa, como ser, como ente pensante. Aos que atingiram o topo ou estão em plena ascensão, devem estar cientes que não são, na atual conjuntura, as pessoas que deveriam ser frente a sociedade e aos problemas que dela emanam. Sim, hoje são vencedores e, por isso, não se sintam presos pelo fato de terem andado em direção ao conhecimento e ao sucesso, tanto pessoal quanto o profissional. Sabe-se também que não serão amanhã o que representam hoje, pois mudanças importantes ainda os moldarão futuramente. Mas, deve-se ter a certeza de que não são mais o que, de início, eram no florescer de seu entendimento, seres incapazes de pensar e desejar por si próprios.
Por todo o exposto, compreende-se que não deve-se sentir culpado ou, de certo modo, sentir compaixão por alguém ter decidido permanecer na inércia e não acompanhar o mundo ao seu redor ou não ter a ambição de crescimento intelectual e humanístico. A incompreensão alheia só reforça o entendimento que se é tirado de tal atitude. Deve-se, sim, aceitar que por sua decisão pessoal decidiu não perseguir seus sonhos, seus anseios, suas paixões. Entenda você que deve libertar-se dos fantasmas que assombram seu passado e, doravante, traçar novos objetivos e usufruir dos que os aguardam. Tenha orgulho do que conseguiu e onde chegou. Sabe-se que ninguém faz nada sozinho, mas o impulso inicial é único. Ele é somente seu.
"Há três espécies de ignorância: nada saber, saber mal o que se sabe e saber coisa diversa da que se deveria saber."
Preconceito: É um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória que se baseia nos conhecimentos surgidos em determinado momento como se revelassem verdades sobre pessoas ou lugares determinados. Costuma indicar desconhecimento pejorativo de alguém ao que lhe é diferente. As formas mais comuns de preconceito é a social, racial e sexual.
Discriminação: Significa “fazer uma distinção”. Existem diversos significados para a palavra, incluindo a discriminação estatística ou a atividade de um circuito chamado discriminador. O significado mais comum, no entanto, tem a ver com a discriminação sociológica: a discriminação social, racial, religiosa, sexual, étnica ou especista.
Tipos de preconceito:
Racial, ou Racismo:
O racismo é a tendência do pensamento, ou do modo de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras. Onde existe a convicção de que alguns indivíduos e sua relação entre características físicas hereditárias, e determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais, são superiores a outros. O racismo não é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões pré-concebidas onde a principal função é valorizar as diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam ser superiores aos outros de acordo com sua matriz racial. A crença da existência de raças superiores e inferiores foi utilizada muitas vezes para justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os genocídios que ocorreram durante toda a história da humanidade.
Etnocentrismo:
É uma atitude na qual a visão ou avaliação de um grupo sempre seria baseada nos valores adotados pelo seu grupo, como referência, como padrão de valor. Trata-se de uma atitude discriminatória e preconceituosa. Basicamente, encontramos em tal posicionamento um grupo étnico sendo considerado como superior a outro.
Não existem grupos superiores ou inferiores, mas grupos diferentes. Um grupo pode ter menor desenvolvimento tecnológico (como, por exemplo, os habitantes anteriores aos europeus que residiam nas Américas, na África e na Oceania) se comparado a outro, mas, possivelmente, é mais adaptado a determinado ambiente, além de não possuir diversos problemas que esse grupo “superior” possui.
A tendência do homem nas sociedades é de repudiar ou negar tudo que lhe é estranho ou não está de acordo com suas tendências, costume e hábitos. Na civilização grega, o bárbaro, era o que “transgredia” toda a lei e costumes da época, é etimologicamente semelhante ao homem selvagem na sociedade ocidental.
Sexismo:
É a discriminação ou tratamento indigno a um determinado gênero, ou ainda a determinada identidade sexual. Existem duas assunções diferentes sobre as quais se assenta o sexismo: um sexo é superior ao outro.
Mulher e homem são profundamente diferentes (mesmo além de diferenças biológicas), e essas diferenças devem se refletir em aspectos sociais como o direito e a linguagem.
Em relação ao preconceito contra mulheres, diferencia-se do machismo por ser mais consciente e pretensamente racionalizado, ao passo que o machismo é um muitas vezes um comportamento de imitação social. Nesse caso o sexismo muitas vezes está ligado à misoginia (ódio às mulheres).
Machismo ou chauvinismo masculino, é a crença de que os homens são superiores às mulheres.
A palavra “chauvinista” foi originalmente usada para descrever alguém fanaticamente leal ao seu país, mas a partir do movimento de libertação da mulher, nos anos 60, passou a ser usada para descrever os homens que mantém a crença na inferioridade da mulher, especialmente nos países de língua inglesa. No espaço lusófono, a expressão “chauvinista masculino” (ou, simplesmente, “chauvinista”) também é utilizada, mas “machista” é muito mais comum.
Machista:
São por vezes postos em oposição ao feminismo. No entanto, a crença oposta ao machismo é a da superioridade feminina e, embora alguns masculistas possam pensar que essa é a definição de feminismo, geralmente não se considera esta ideia correta. Alguns machistas tendem ainda a ofender-se por desigualdades de gênero favoráveis às mulheres.
Femismo é um neologismo e seu significado possui uma carga ideológica muito grande. É uma expressão que hipoteticamente significaria um conjunto de idéias que considera a mulher superior ao homem, e que, portanto, deveria dominá-lo. Como um machismo às avessas.
A criação e o uso da palavra “femismo” supõe-se que foi uma forma encontrada pelas feministas para denominar os preconceitos ao sexo masculino praticados por outras feministas dentro do movimento social feminista. Essas feministas que pregam o preconceito contra o sexo masculino são consideradas por outras feministas como “femista”.
Preconceito lingüístico:
É uma forma de preconceito a determinadas variedades lingüísticas. Para a lingüística, os chamados erros gramaticais não existem nas línguas naturais, salvo por patologias de ordem cognitiva. Ainda segundo esses lingüistas, a noção de correto imposta pelo ensino tradicional da gramática normativa originam um preconceito contra as variedades não-padrão.
Homofobia:
É um termo criado para expressar o ódio, aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais ou homossexualidade.
Transfobia:
É a aversão a pessoas trans (transexuais, transgêneros, travestis) ou discriminação a estes.
A transfobia manifesta-se normalmente de forma mais reconhecida socialmente contra as pessoas trans adultas, quer sob a forma de opiniões negativas, quer sobre agressões físicas ou verbais. Manifesta-se também muitas vezes de forma indireta com a preocupação excessiva em garantir que as pessoas sigam os papéis sociais associados ao seu sexo biológico. Por exemplo, frases como “menino não usa saia” são, em sentido lato, uma forma de transfobia.
A transfobia é também muitas vezes combinada com homofobia quando é feita a associação entre homens femininos e homossexualidade, partindo do princípio – equivocado – de que todos os homossexuais são necessariamente femininos e que ser homem efeminado é algo de negativo.
Heterossexismo:
É um termo relativamente recente e que designa um pensamento segundo o qual todas as pessoas são heterossexuais até prova em contrário.
Um indivíduo ou grupo classificado por heterossexista não reconhece a possibilidade de existência da homossexualidade (ou mesmo da bissexualidade). Tais comportamentos são ignorados ou por se acreditar que são um “desvio” de algum padrão, ou pelo receio de gerar polêmicas ao abordar determinados assuntos em relação à sexualidade.
Apesar de poder ser considerada como uma forma de preconceito, se diferencia da homofobia por ter como característica o ato de ignorar manifestações sexuais geralmente minoritárias (as situações homofóbicas não só não ignoram como apresentam aversão).
Xenofobia:
É o medo natural (fobia, aversão) que o ser humano normalmente tem ao que é diferente (para este indivíduo).
Xenofobia é também um distúrbio psiquiátrico ao medo excessivo e descontrolado ao desconhecido ou diferente. É ainda usado em um sentido amplo (amplamente usado mas muito debatido) referindo-se a qualquer forma de preconceito, racial, grupal (de grupos minoritários) ou cultural. Apesar de amplamente aceito, este significado gera confusões, associando xenofobia a preconceitos, levando a crer que qualquer preconceito é uma fobia.
Chauvinismo:
O chauvismo resulta de uma argumentação falsa ou paralógica, uma falácia de tipo etnocêntrico ou de idola fori. Em retórica, constitui alguns dos argumentos falsos chamados ad hominem que servem para persuadir com sentimentos em vez de razão quem se convence mais com aqueles que com estes. A prática nasceu fundamentalmente com a crença do romantismo nos “caráteres nacionais” (ou volkgeist em alemão). Milênios antes, no entanto, os antigos gregos já burlavam de quem se convencia de que a lua de Atenas era melhor que a de Éfeso.
Chama-se comumente chauvinismo à crença narcisista próxima à mitomania de que as propriedades do país ao qual se pertence são as melhores sob qualquer aspecto. O termo provém da comédia francesa La Cocarde Tricolore (”O Tope Tricolor”), dos irmãos Cogniard, na qual um ator chamado Chauvin personifica um patriotismo exagerado.
Preconceito social:
É uma forma de preconceito a determinadas classes sociais.
É uma atitude ou ideia formada antecipadamente e sem qualquer fundamento razoável; o preconceito é um juízo desfavorável em relação a vários objetos sociais, que podem ser pessoas, culturas, etc. O preconceito social também existe quando julgamos as pessoas por atitudes e logo enfatizamos que a mesma só a teve a atitude por ser de certa classe social,ou seja se a pessoa tem uma boa condição financeira ela não vai sofrer nenhum tipo de preconceito social,seria mais fácil ela ter preconceito para com as outras pessoas.
Estereótipo:
É a imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação.
Estereótipos são fonte de inspiração de muitas piadas, algumas de conteúdo racista, como as piadas de judeu, que é retratado como ávaro, português (no Brasil), como pouco inteligente, etc. O estereótipo pode estar relacionado ao preconceito.
Então, que tipo de preconceito que você ainda cultua?
Uma das principais discussões que rondam as cátedras dos discentes do curso de direito é, justamente, saber qual caminho cada um deve seguir. Essa discussão sempre foi fomentada pela eterna dialética existente entre a diferenciação do exercício de um cargo público e o da advocacia. Evidentemente que essa discussão não comporta vencedores e vencidos. Eis que cada um tem convicções pessoais e profissionais que fundamentam qualquer opção escolhida.
Dentro desse cenário, é importante observar alguns aspectos que demarcam a posição do advogado perante juízos e tribunais, o que pode ser objeto de importantes reflexões pessoais. Esses aspectos são facilmente observados a partir da escolha da própria profissão, o que terá suma importante na atuação forense. Trata-se do destino profissional que foi escolhido em face dos seus verdadeiros objetivos ou vocações.
Não se quer dizer que uma escolha errada seja o fator preponderante para qualificar ou desqualificar qualquer profissional, mas servirá apenas de parâmetro na atuação do indivíduo perante o foro, ou seja, um parâmetro para o temperamento e disposição do profissional em face de sua atuação em juízo ou fora dele. Para ilustrar essa idiossincrasia e como esta terá reflexo na vida do profissional do direito, é necessário recorrer a uma analogia muito singela, porém bastante contundente.
Suponha-se tratar de um juiz e um advogado atuando em suas respectivas carreiras. A carreira profissional pode ser comparada a uma longa estrada, cheia de percalços, curvas sinuosas, buracos e todas as intempéries da vida. O juiz percorreria essa estrada da maneira mais branda possível, de acordo com as suas possibilidades, em um automóvel de luxo. Seria como se entrasse em seu carro e seguisse rumo à sua vocação ou seus objetivos pessoais.
Andar nesse automóvel seria muito confortante, haja vista que estaria em seu favor o ar-condicionado de última geração, a direção hidráulica, vidros e retrovisores elétricos, teto-solar, moderno aparelho de som e todo aparato tecnológico referente a um bom automóvel. Passar por cima de um buraco nessa imensa estrada profissional seria apenas um pequeno esforço para quem tem um bom carro nas mãos. A atitude de seguir em frente, passando pelas curvas da insegurança previdenciária, dos dias fechados de uma eventual incerteza contratual e das noites obscuras da profissão, é um beneplácito de quem optar por seu cômodo assento em direção aos seus objetivos.
Vale ressaltar que não cabe criticar o caminho jurídico escolhido pelo indivíduo. A escolha de estar guiando este automóvel é tão louvável quanto difícil, pois exercer a magistratura necessita, sobretudo, de muita paciência e constância diante de todos os fatos que são opostos diariamente em juízo.
Já o advogado percorreria este caminho profissional pilotando uma motocicleta, com todos os incidentes que possam decorrer desta escolha. Assim, a carreira profissional do advogado estaria sujeita à mesma estrada em que o juiz passou com seu automóvel, mas os percalços seriam totalmente potencializados. Os buracos encontrados na estrada profissional de um advogado seriam muito mais perigosos, fazendo-o ir ao chão se não forem bem contornados. Uma pedra poderia ser um obstáculo demasiadamente temerário e qualquer chuva seria inevitável.
A analogia assenta-se nas diferenças da profissão da advocacia e da magistratura como forma de se chegar ao fim colimado pela justiça. A escolha da profissão incide na ideia do conhecimento de todos os percalços que se poderá encontrar em cada área jurídica escolhida, bem como as respectivas prerrogativas e benefícios. As profissões, no âmbito jurídico, têm suas diferenças bem definidas, a começar pelo cunho institucional e chegando, por fim, na função social de cada uma. A analogia supracitada visa fazer um paralelo entre as diferenças das profissões do juiz e do advogado, sendo uma forma de demarcar a posição de cada um no foro e estabelecer a sua respectiva função social.
Uma melhor exemplificação do que é estar guiando um automóvel (o juiz) e pilotando uma motocicleta (o advogado) é dada pelo grande jurista Piero Calamandrei, quando explicita a função de cada qual no foro:
"Quando a corte entra, todo sussurro se cala. Seu trabalho (o juiz) se desenrola longe dos tumultos, sem imprevistos e sem precipitações; você ignora a ansiedade do improviso, as surpresas de última hora; não precisa quebrar a cabeça para encontrar argumentos, porque deve apenas escolher entre os que foram encontrados por nós, advogados, que realizamos para você o duro trabalho de escavação; e, para melhor meditar sobre a sua escolha, tem o dever de sentar-se em sua cômoda poltrona, enquanto os outros homens sentam-se para descansar, para você, o período de maior trabalho."
O juiz, tal como qualquer outro servidor público, tem a sua função estritamente atrelada aos dogmas estatais, com suas prerrogativas e benefícios instituídos previamente. Seria como guiar o automóvel acima aduzido, uns com o luxo e outros sem, mas com a mesma perspectiva de segurança e, sobretudo, com a repetição de atos já estabelecidos, como quem fica indiferente se o dia chove ou faz sol. Guiar este automóvel estatal significaria seguir na mesma linha de pensamento e de procedimentos diários, a exemplo de quem faz as mesmas sentenças, despachos e demais atos correlatos todos os dias.
Para muitas pessoas, este pode ser um objetivo de vida, um ideal que se perfaz ao simplesmente guiar um automóvel nas mesmas ocasiões. A segurança oferecida pelo automóvel estatal pode questionar os motivos pelos quais tantos "insanos" profissionais escolhem a "insensatez" de pilotar a motocicleta da advocacia, tal como o Easy Rider (Sem Destino), um clássico filme de 1969.
Pilotar a motocicleta da advocacia na estrada profissional da vida não é nada fácil, principalmente se considerarmos a sensação de insegurança da motocicleta em face do caminho a seguir. O advogado, enquanto piloto de motocicleta, sempre estará à mercê de chuvas torrenciais ou dilúvios homéricos, ficando sempre no olho do furacão. Ou seja, se um contrato de prestação de serviços advocatícios estiver à mercê de uma eventual condição e se esta não se perfizer por razões alheias às vontades do advogado, este terá o seu reconhecimento e esforço execrados, refletindo em causas futuras. Enquanto isso, o juiz guiará o seu automóvel, longe de qualquer eventual chuva.
Porém, a sensação de insegurança da motocicleta advocatícia é contrastada com a sensação de certa liberdade proporcionada. Nada mais reconfortante do que imaginar o vento sacudindo os cabelos e as roupas. A chuva também poderia ser vista não tanto como uma intempérie perversa, mas como uma benesse para esfriar os dias quentes, como quem jamais esperaria sair vitorioso em um difícil pleito.
A liberdade da motocicleta advocatícia faz com que o advogado não se atrele somente a um caminho diariamente, o que não quer dizer que fuja a normas e convenções sociais. É a liberdade de não ter que se atrelar a uma só linha de pensamento, com a possibilidade de criar novos caminhos jurisprudenciais. É a liberdade de escolher procedimentos adequados para cada fato, a liberdade de fazer chover a cântaros inesperados de contratos profissionais, a liberdade de abdicar um pleito temerário diante dos buracos encontrados no caminho e a liberdade de arriscar nas inovações.
O advogado, enquanto piloto desta motocicleta, escolhe o melhor caminho a seguir, sempre com prudência, em razão de estar mais exposto aos percalços da vereda profissional. São teses e antíteses da advocacia, a liberdade em contraste com a insegurança, o que torna perene a consciência do desiderato da profissão.
Cada carreira jurídica escolhida tem o seu louvável préstimo para a sociedade, sendo a eterna busca da justiça o maior objetivo perseguido. Em relação à analogia supra referida, é perfeitamente compreensível e louvável que o juiz, ou qualquer outro servidor público, guie o seu respectivo automóvel, bem como o advogado possa pilotar a sua motocicleta. A diferença na forma em que se caminha na estrada jurídica é equacionada para um único fim, qual seja, a justiça e, consequentemente, a paz social.
Assim, não se espera que o juiz, o promotor, ou outro servidor público, sejam ligados a qualquer vínculo humano, de simpatia, de amizade ou de aproximação ao povo. Parafraseando Calamandrei, quando se fala de aproximar a justiça do povo, não se pretende, pois, fazer os juízes ou promotores descerem de suas cadeiras e mandá-los passear entre a gente, como peregrinos anunciadores do direito. Essa é a função social reservada essencialmente aos advogados. "O povo pode não conhecer seu juiz, mas deve conhecer seu advogado e ter fé nele, como num amigo livremente escolhido."
Não porque se deva situar advogado como um profissional privilegiado, senão pelo que signifique esse tratamento como fator de êxito da sua missão peculiar – aproximar a justiça do povo. O advogado não é um burocrata imposto aos réus, o que impossibilitaria a compreensão humana que diz respeito à livre eleição das amizades e a confiança do povo na justiça do Estado. O advogado é escolhido livremente, como quem escolhe um amigo para ser irmão e confessor, utilizando-se da doutrina e de sua eloquência para confortar no acompanhamento da dor. Essa é a função social do advogado enquanto consciente da repercussão profissional de sua carreira.
A escolha pela advocacia está estigmatizada na consciência dos deveres, prerrogativas e percalços que cercam a profissão, sendo a obediência a esta consciência a sua função social. Desta feita, quando o advogado assume um pleito, terá obrigatoriamente que assumir a consciência de todas as vicissitudes que rodeiam a profissão, ou seja, passa a tomar consciência de que está pilotando a motocicleta e todos os incidentes que possam decorrer desta escolha.
A escolha da advocacia é a escolha da prudência e da liberdade de pilotar uma motocicleta, como na analogia alhures referida, sendo a consciência desta escolha, ou seja, a consciência da função social da profissão, que será o recurso moral para coibir ou prevenir possíveis desmandos na profissão, aproximar a justiça do povo e, consequentemente, trazer a paz social.
Enfim, a consciência da função social da advocacia será a panaceia ou a cura para todos os males da profissão. Mas, independente da função social da advocacia, cada ente do judiciário deve ter em vista a sua própria função social, para que o destino dos cidadãos não seja obscuro e a Justiça tenha momentos de glória, como dizia o grande jurista Evandro Lins e Silva:
Enfim, a consciência da função social da advocacia será a panaceia ou a cura para todos os males da profissão. Mas, independente da função social da advocacia, cada ente do judiciário deve ter em vista a sua própria função social, para que o destino dos cidadãos não seja obscuro e a Justiça tenha momentos de glória, como dizia o grande jurista Evandro Lins e Silva:
"A Justiça tem seus momentos grandiosos e de glória. E isso depende muito dos homens que a compõem: advogados capazes, promotores com sentido exato dos seus deveres e juízes com a compreensão de que os réus são seres humanos e podem ser inocentes ou vítimas de armadilhas que o destino tece e prepara do modo mais imprevisto e desgraçado."
Em um júri popular, era julgado um caso de tentativa de homicídio. O réu teria esfaqueado um antigo desafeto num bar, após breve discussão. Apesar da gravidade das lesões, a vítima sobreviveu, por motivos alheios à vontade do acusado.
A certa altura, o Advogado de defesa se dirige ao conselho de sentença, afirmando pomposamente:
– O réu não agiu com animus furandi!
O Promotor de Justiça balança a cabeça e olha para o juiz, que também não esconde seu estranhamento. Afinal, animus furandi significa “intenção de furtar”, e não havia qualquer acusação de furto. Mas ambos resolveram fingir que nada havia de errado.
Para não confundir ainda mais a cabeça dos jurados, o promotor acabou entrando na “brincadeira”:
– Apesar da afirmação do combativo defensor, o réu agiu sim com animus furandi! O laudo de exame de corpo de delito é conclusivo ao afirmar que a vítima foi furada três vezes pelo réu …
O Programa do Ratinho, no SBT, apresentou no dia 18 de janeiro de 2011 a comovente história de um casal, o Alex e a Michele. Ambos viviam juntos há mais de treze anos como marido e mulher e, tendo gerado e criado três filhos, todos com ótima saúde física e psicológica, solicitram um teste de DNA, pois havia indícios de que eles, por casualidade, fossem irmãos por parte de pai. Após muito suspense, como era de se esperar, pois o programa almeja lucro em cima de audiência, o resultado foi de que - imaginava-se, é claro, o contrário - os dois eram realmente irmãos.
O então casal afirmou que, independente do resultado, suas vidas iriam seguir da mesma maneira como estavam vivendo até aquele momento, porque o que mais importava era, pura e simplesmente, saciar a dúvida que os atormentava.
Assunto polêmico, sua repercução foi imediata. Tenham a certeza que o tema foi debatido nacionalmente, e, é claro, gerado opiniões dos mais diversos grupos sociais e, em sequência, resultados previsíveis.
Pois bem. No dia 12 de maio de 2011, neste mesmo programa, foi apresentado novamente o mesmo casal para o público ter conhecimento do final desta dramática e polêmica história. Carlos Massa, o Ratinho, abre o tema relembrando seu "seleto" público do caso, exposto em cadeia nacional e, logo após, passa a palavra ao casal interessado. Alex, o marido, visivelmente abalado, começa a explicar que o amor entre eles era imenso e que, realmente, ambos amavam-se muito. Mas por questões morais, sociais e religiosas estavam abrindo mão de sua felicidade frente ao exemplo que queriam dar a seus filhos, a sociedade e perante o seu querido Deus, os quais O temem. Ele promete ainda viver junto com Michele para "o resto de suas vidas", mas como irmãos, abrindo mão da relação sexual, agora vista como ato pecaminoso e anti-social, pois como já exposto, temem o seu Deus e, em Seu respeito, abrem mão do amor de ambos. Refere, ainda, que em vista desta situação, deva dedicar-se por inteiro ao sacerdócio. Michele, em apoio a decisão do casal, afirma que após a descoberta, o dia-a-dia do casal, mesmo tentando manter a rotina, desabafa que "não dava mais", pois havia "caído a ficha". Iriam, sim, ter uma vida em união, criando seus filhos e cultivariam em conjunto o celibato. Ela conta que sofreram, antes e após o resultado do exame, várias ameaças por telefone, pela internet e que houve grande pressão social para que o seu relacionamento homem-mulher terminasse. Ambos afirmaram ainda que pretendem voltar para a Bahia – pois hoje moram em São Paulo – para recomeçar a vida, como se nada tivesse acontecido, e iniciar novas carreiras. Estes são os fatos.
Vamos agora analizar um pouco mais a fundo o que se passou.
Sabemos nós que, somos livres no pensar e no expressar. Por isto podemos partir da afirmativa: quanta ignorância o que se passou ante este fato!
Primeiramente, entendemos que o Programa do Ratinho é, deveras, dirigido a um público menos "letrado", de fácil convencimento e de pouca influência sobre questões importantes. Ora, se sabemos perfeitamente qual o resultado da exposição da imagem pessoal neste programa, por que ir e "dar a cara ao tapa"? Certamente os dois já estavam cientes da repercução deste assunto, que, em tese, é polêmico. Ignorância dos dois à parte, o que mais choca é que a decisão de não permanecerem juntos deve-se ao temor a seu Deus, um Deus que deveria ser justo, mas que, ao contrariá-lo, pune seus desobedientes seguidores com o castigo eterno "sobre mármore quente do inferno". E mais, a importância dada a tabus criados através de séculos de ignorância acumulada e transmitida aos seus descendentes. Compreendam, nossa culta sociedade destruiu, separou uma família que já estava constituída. Desmantelou um lar de amor, afeto, amizade, cumplicidade e com três filhos para serem cuidados. Nossa sociedade, por causa de dogmas da Igreja, esta praga que interfere em nossas vidas e no nosso livre arbítrio, por, enfatizando, tabus e preconceitos, destruiu mais uma família. Seguidores da moral e do bom costume ameaçaram suas vidas caso não seguissem pelo correto caminho da verdade. Sejamos sensatos. "Nós" destruímos mais um lar por nossa cega e desmedida ignorância.
Vivemos em um Estado Laico, isto é, a Igreja não tem poder em assuntos de Estado. Isto seria verdade se não seguíssemos a lógica. A Igreja se interpõem entre a Ciência e a vida, pois é contra estudos realizados com células tronco e outros assuntos correlatos. É contra programas de controle de doenças sexualmente transmissíveis e controle de natalidade, pois afirma que a ordem divina é "crescei e multiplicai-vos em nome do Senhor". É uma entidade que afronta os direitos individuais e coletivos quando se opõem a vida e a liberdade por sua crença de vida eterna. Deixai-os morrer em nome de seu amoroso Deus. Então, assim percebendo, a Igreja interfere, sim, em questões de Estado, na nossa democracia. Tenta controlar a nossa vida com seus longos e malévolos tentáculos sujos de hipocrisia.
Partindo deste fato, nossa Carta Maior, a Constituição, em seu preâmbulo, nos expõem:
"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte PARA INSTITUIR UM ESTADO DEMOCRÁTICO, DESTINADO A ASSEGURAR O EXERCÍCIO DOS DIREITOS SOCIAIS E INDIVIDUAIS, A LIBERDADE, A SEGURANÇA, O BEM-ESTAR, O DESENVOLVIMENTO, A IGUALDADE E A JUSTIÇA como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e SEM PRECONCEITOS, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL."
De início, vemos que a religião já nos coloca sob proteção divina em um regramento que é totalmente e, demasiado, humano. A Igreja já intefere desde logo em nossa norma sabendo que, relembrando, somos um Estado Laico. Sabemos que a Constituição é a Lei Maior de uma Nação e que as diversas e abstratas condutas do povo são regidas por ela, inclusive a liberdade de consciência e de crença. Então, consequentemente, a crença religiosa e ideais filosóficos (sim, religião não é nada mais, nada menos que uma filosofia de vida, um modo, um meio de como pessoas optam para alcançar o seu bem estar), não podem e não devem interferir no livre arbítrio e no direito alheio como é observado e sentido por todos. O direito individual e personalíssimo chega ao limite quando atinge a fronteira do direito alheio.
Continuando, a Carta de Outubro rege em seu Título I que:
"Art. 1º - A República Federativa do Brasil [...] CONSTITUI-SE EM ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E TEM COMO FUNDAMENTOS:
[...]
III - A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA;
[...]
Art. 3º - CONSTITUEM OBJETIVOS FUNDAMENTAIS da República Federativa do Brasil:
[...]
IV - PROMOVER O BEM DE TODOS, SEM PRECONCEITOS DE ORIGEM, RAÇA, SEXO, COR, IDADE E QUAISQUER OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO."
Mas, como é que estamos empregando estes objetivos em nossa sociedade, se deixamos que uma família, já composta e estruturada, seja desmoronada por motivos puramente preconceituosos e provindo de ideais arcaicos como estes, que sofreu a de Alex e Michele? Não estamos aqui pregando romance entre irmãos de sangue criados desde sua gênese sob um mesmo teto e no mesmo lar. Estamos expondo a realidade de um fato atípico, um fato real e concreto que poderia acontecer com qualquer pessoa. Estamos falando de vida, amor, família e sua estrutura basilar.
Em tempos remotos em que a ciência não estava tão avançada, nossos então líderes se utilizavam da cultura religiosa para, em tese, em casos de relação entre parentes proximais, afastar problemas congêneres de má formação fetal resultante de tais ligações afetivas. Não nos distanciamos muito disto ainda, mas hoje, sobrepõem-se a informação. Se não se sabe, inexiste a culpa. Ambos irmãos, ora expostos neste tema, foram criados por famílias diferentes, em condições e Estados diferentes e com mães diferentes. A casualidade os fez encontrarem-se e brotou a paixão. Tiveram uma vida conjugal madura entre homem e mulher, sendo que disto, sobreveio a geração de três filhos, frutos naturais do ser humano e, estes, com ótimas condições de saúde física e mental.
Agora, por que condenar a separação desta família por puro preconceito e tabu? Se for por precaução de futura má formação gestacional, basta que não tenham mais filhos e pronto. Mas, nós como um sociedade "pura" não podemos tolerar a felicidade alheia. Temos de seguir regras de conduta impostas por um Deus, mimado e cruel, que afirma que se não acatar suas vontades, sobrevirá aos infiéis o castigo eterno. A sociedade inculta insiste em impor a vontade de um ser metafísico em detrimento à felicidade. Insiste que a moral e os bons costumes servem a todo e qualquer caso concreto.
Em nosso ordenamento jurídico, o Código Civil claramente regulamenta:
"Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, INTERFERIR NA COMUNHÃO DE VIDA INSTITUÍDA PELA FAMÍLIA.
[...]
Art. 1.521. Não podem casar:
[...]
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive [...]";
regra esta que vale quando temos ciência do típico ato ilícito ou alguém tem o conhecimento do impedimento ao início de uma relação matrimonial e que possa, em tempo hábil, tornar público a situação. Não foi o caso deste casal. Eles já haviam passado há muito deste estágio. Mas, por que retirar de alguém aquilo de mais importante que este pode ter, que é sua família? Sim, podemos afirmar com veemência que foi retirado de cada ente do exemplo o direito, o qual já haviam adquirido: a proteção incondicional de pai e mãe representado pelo casal, que por casualidade, são irmãos por parte de pai.
Preconceito e tabu, idealismo religioso e filosófico. O Art. 5º da CF 1988 nos regula que "NINGUÉM SERÁ PRIVADO DE DIREITOS POR MOTIVO DE CRENÇA RELIGIOSA OU DE CONVICÇÃO FILOSÓFICA OU POLÍTICA, SALVO SE AS INVOCAR PARA EXIMIR-SE DE OBRIGAÇÃO LEGAL A TODOS IMPOSTA E RECUSAR-SE A CUMPRIR PRESTAÇÃO ALTERNATIVA, FIXADA EM LEI". Ora, se o nosso Regramento Maior nos ensina que não nos será privado direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, por que condenar esta família por algo que já está concretizado e, por desconhecimento de ambos?
Aos que não simpatizam com esta idéia deveriam cuidar, isto sim, de suas famílias ao invés de ameaçar a vida de outrem por motivos que não lhe dizem respeito, por motivos fúteis. Deveriam cuidar e educar seus filhos para que sejam pessoas que realmente compreendam o ser humano como um todo em seus desejos e anseios e, que estes, sejam melhores que seus pais, que por vezes, mal sabem falar a língua materna, e saem, desvairados, pregando "a Palavra" e "moral de cueca" aos quatro cantos, que temos de ter "Cristo no coração", sendo que os próprios defendem a morte de indefesos ou incapazes relativos por crença religiosa ou filosófica. Este tipo de gente com suas idéias, que mais parece uma praga que se prolifera de todos cantos possíveis, é que deveriam ser educados na moral e bons costumes dos civilmente sensatos.
E mais. Não bastesse o sofrimento imposto coercitivamente a esta família, por questões morais e perante ideais que nossa inteligentíssima sociedade aprova, tamanha é a sordidez da futura decisão ainda não maturada pelo Alex, esposo de Michele. Para que possam viver em harmonia e não perderem o pouco que restou da história do casal, aquele questionou se deveria seguir o sacerdócio para, de perto, prosseguir junto a sua amada esposa-irmã, em constante celibato. Ora, o homem, em sentido genérico, não nasceu para ser segregado de seus desejos e instintos primitivos. Em nenhuma parte da "santa história bíblica" faz-se menção da privação do sexo. Com o passar do tempo é fato que os dois conhecerão outras pessoas e suas vidas tomarão rumos diferentes. Tal consequência reflitirá sobre sua prole e então, onde estará o bom exemplo? Será encontrado respostas sensatas e reconfortantes nas Escrituras Sagradas que justifique o desmembramento de uma família feliz pelo simples fato de não termos discernimento e sensatez? Não seria mais humano, mais digno deixá-los viver suas vidas como sempre a tiveram ao invés de infernizá-los com ameaças a sua integridade, física e moral? A quem cabe o devido julgamento do que é, realmente, correto e justo: ao público fiel do tipo de programação televisiva que preza em demasia a "grande sabedoria cultural" de nomes como Mulher Melão, Mulher Jaca e outras frutas indigetas em destaque?
Seres hipócritas! Por causa da desmedida ignorância da massa popular é que fatos como estes se irão repetir em muito. A afirmativa cabe aos que fizeram pressão negativa coercitivamente ao casal e aos que, de certo modo, concordaram com a decisão. Não podemos negar que, se Alex e Michele renderam-se, são solidários com a sábia torpeza popular por serem condescendentes com tais ideais. Não os condenemos. Como já referido, a cultura que absorvemos hoje é milenar e são eles, em parte, vítimas desta herança.
Por tudo, devemos compreender que somente com muita educação, a qual nos é negada diuturnamente, é que conseguiremos atingir os objetivos de "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação". Sabemos que, somente com sapiência, a qual os grupos de poder (Igreja, mídia, grupos de pressão, etc.) nos negam por não ser adequado aos seus fins, conseguiremos atingir o ápice da tolerância, respeito, igualdade, equidade e justiça.
Por fim, nós Espíritos Livres, livres pensadores por natureza, esperamos que o tempo reestabeleça aquilo que nossa sociedade retirou deste casal, Alex e Michele: o respeito pela família que construíram, independente da forma como foi constituída.
Que reste assim uma grande lição: não sejam tolos e cegos a ponto de deixarem néscios bastardos comandarem suas vidas.